Plano de capitalização

Cosan (CSAN3) aprova entrada de BTG e Perfin como sócias em aporte bilionário para conter dívida

Em assembleia, acionistas da Cosan (CSAN3) aprovaram aporte de até R$ 10 bilhões e a entrada de BTG Pactual (BPAC11) e Perfin como novas sócias da holding Aguassanta, de Rubens Ometto.

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  • Cosan (CSAN3) aprovou aporte de até R$ 10 bi com BTG Pactual (BPAC11) e Perfin e suspendeu a poison pill para dar agilidade à transação.
  • Aguassanta mantém 50,01% das ON; BTG e Perfin ficam com 49,99% na nova holding; previsão de até 8 bi de novas ON.
  • Meta é reforçar caixa e reduzir a dívida bruta de R$ 21,5 bi, aproveitando janela de mercado antes de dezembro.

Os acionistas da Cosan (CSAN3) aprovaram nesta quinta-feira (23) a entrada do BTG Pactual e da Perfin como novas sócias, dentro de um plano de capitalização de até R$ 10 bilhões. O objetivo é reforçar o caixa, reduzir o endividamento e destravar projetos nos negócios de combustíveis, logística e bioenergia.

Na AGE, a proposta recebeu 278,7 milhões de votos favoráveis, com 61,5 milhões contrários e 60,0 milhões de abstenções. Além disso, os investidores autorizaram a estrutura que viabiliza a transação sem acionar a cláusula de poison pill, o que dá agilidade à reorganização societária.

Como fica a estrutura acionária e o dinheiro na mesa

A operação cria uma nova holding com Aguassanta (família Ometto), BTG e Perfin. Pelo acordo, o BTG aportará R$ 4,5 bilhões, a Perfin investirá R$ 2 bilhões e a Aguassanta contribuirá com R$ 750 milhões. Assim, o bloco âncora garante o fôlego financeiro imediato.

Rubens Ometto seguirá no controle, com 50,01% das ON, e continuará presidindo o conselho. Já BTG e Perfin deterão 49,99% da nova estrutura, o que amplia o alinhamento entre controlador e sócios financeiros.

Paralelamente, os acionistas aprovaram um aumento de capital que permite emitir até 8 bilhões de ações ON, independentemente de reforma estatutária. Esse passo, portanto, abre espaço para ajustar a estrutura de capital conforme o cronograma da transação.

Por que a Cosan correu: dívida alta e janela de mercado

O grupo acumula dívida bruta de R$ 21,5 bilhões (2T25). Portanto, a injeção de capital reduz risco financeiro, alivia juros e melhora o rating em futuras captações. Como efeito imediato, o mercado reprecificou o risco: CSAN3 avançou 1,51%, para R$ 6,04, por volta de 12h20.

Segundo fontes citadas pelo Painel S.A., a Cosan priorizou BTG e Perfin pela velocidade de execução. As conversas duraram dois meses, o que permite fechar a transação antes de dezembro, mês de liquidez menor. Assim, a companhia evita virar o ano sem o reforço de caixa.

Outros grupos, Votorantim e família Feffer (da Suzano), chegaram a discutir o investimento; contudo, não acompanharam o ritmo. Com isso, a Cosan encerrou as tratativas com quem aceitou o prazo e as condições.

Poison pill: por que suspender e o que muda para minoritários

A poison pill costuma disparar OPA quando há mudanças relevantes no capital. Neste caso, os acionistas dispensaram sua aplicação para esta operação específica, considerando a capitalização e a formação da nova holding.

Com a dispensa, a companhia ganha agilidade, reduz custos e evita incertezas jurídicas durante a reorganização.

Ao mesmo tempo, a AGE registrou votos contrários de minoritários que temiam diluição pelo preço de referência da Aguassanta (R$ 5 por ação, abaixo dos R$ 7,50 da época do anúncio).

Ainda assim, a maioria entendeu que o benefício financeiro supera o custo de diluição em cenário de alavancagem elevada. Agora, o conselho de administração precisa chancelar os passos finais para concluir a operação.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.