A Cosan anunciou a venda de 4,1% de sua participação na Vale, por meio de um bloco comercial negociado com o JP Morgan, levantando R$9 bilhões. O movimento representa uma redução significativa na dívida líquida da companhia, que passará de R$22 bilhões para R$13 bilhões, resultando em uma diminuição de até 40%.
O leilão das ações ocorreu com um desconto de 0,59% sobre o preço de fechamento de ontem, fixado em R$52,29. Embora o preço tenha sido inferior ao fechamento anterior, o banco JP Morgan garantiu o menor desconto possível, de 3,75%, entre os três bancos envolvidos na transação: JP Morgan, BofA e Itaú.
A venda e a estratégia de reestruturação financeira
A decisão de vender sua participação na mineradora foi considerada difícil, especialmente em um cenário de possíveis avanços da Vale, como o acordo de Mariana, mas, segundo Rubens Ometto, presidente da Cosan, era uma escolha pragmática.
“Essa não foi uma decisão fácil, porque a Vale é uma grande empresa e muito provavelmente seu valor na Bolsa não reflete o seu potencial nem de longe. Mas esse movimento é o certo a se fazer para o acionista da Cosan, dado o custo da dívida no Brasil de hoje”.
afirmou Ometto ao Brazil Journal.
Com a venda, a Cosan realiza uma reestruturação importante de sua posição financeira. A empresa, que adquiriu uma participação de 6,5% na Vale em 2022, através de derivativos e compra direta, vinha reduzindo gradualmente sua exposição desde o final de 2023. Com a transação, a Cosan encerra sua participação na mineradora, deixando para trás um ativo que foi influenciado por mudanças na gestão da Vale e declarações do governo, incluindo a tentativa do presidente Lula de influenciar a escolha do CEO da mineradora.
Impacto nas ações da Cosan
A reação do mercado foi positiva após o anúncio, com as ações da Cosan subindo 9% na abertura e mantendo um aumento de 4% no momento seguinte. No entanto, o preço das ações da empresa ainda está em níveis baixos, com o papel sendo negociado a R$8,58, o que representa uma queda significativa nos últimos cinco anos. O valor de mercado da Cosan atualmente é de R$16 bilhões.
A decisão reflete a estratégia do novo CEO Marcelo Martins, que assumiu a liderança da companhia em outubro, e está focado na reestruturação da Cosan, especialmente no setor de combustíveis. A Raízen, uma das maiores distribuidoras de combustíveis da Cosan, também apresenta desafios financeiros, com um valor de mercado de apenas R$21,5 bilhões e uma dívida líquida de R$31 bilhões, o que pesa sobre o valor da holding.