
- PL enfrenta disputa interna por três vagas na CPMI do INSS; 16 deputados querem espaço.
- PT já definiu seus nomes, apostando em figuras experientes para liderar a base governista.
- Trabalhos começam no segundo semestre, com presidência de Omar Aziz e relatoria ainda indefinida.
A criação da CPMI do INSS acendeu os bastidores do Congresso Nacional. Enquanto o PL enfrenta uma disputa interna acirrada por vagas, o PT já definiu sua linha de frente com nomes experientes. A instalação, no entanto, só deve ocorrer no segundo semestre, após o recesso legislativo.
PL trava disputa interna por espaço na CPMI
A leitura do requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), deu início à corrida por assentos no colegiado. O PL, partido com a maior bancada de oposição, tem direito a três vagas titulares e três suplentes entre os deputados, mas enfrenta forte disputa interna.
Ao menos 16 parlamentares já manifestaram interesse em compor a comissão. No entanto, até o momento, a legenda não chegou a um consenso. Segundo o líder da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), as conversas continuam intensas. Apesar disso, dois nomes despontam: Coronel Chrisóstomo (RO) e Coronel Fernanda (MT), que participaram ativamente da coleta de assinaturas para a instalação de CPIs neste ano.
A disputa no PL reflete a importância política da CPMI. A comissão vai apurar denúncias de fraudes em benefícios pagos pelo INSS, tema sensível à opinião pública e estratégico para a oposição desgastar o governo federal.
PT define nomes e aposta em experiência
Na base do governo, a articulação foi mais rápida. A federação PT-PCdoB-PV escolheu os deputados Paulo Pimenta (RS) e Alencar Santana (SP) como titulares. Ambos têm trajetória consolidada dentro do partido e experiência em comissões anteriores. Os suplentes serão Rogério Correia (MG) e Orlando Silva (PCdoB-SP).
Para o Senado, embora ainda não haja confirmação oficial, o nome mais cotado para representar o PT é o do senador Rogério Carvalho (SE). Ele já atuou em CPIs anteriores e conta com apoio da bancada para integrar o grupo.
A estratégia da base governista é montar uma “tropa de choque” preparada para defender o Planalto. Com a CPI ganhando contornos eleitorais e midiáticos, o governo aposta na firmeza de seus quadros para conter eventuais ataques e manter o foco nas irregularidades técnicas da gestão do INSS.
Comissão só será instalada após o recesso parlamentar
Apesar da movimentação acelerada nos bastidores, os trabalhos da CPMI devem começar somente após o recesso legislativo. A previsão foi sinalizada por Davi Alcolumbre a líderes partidários, que concordaram em adiar a instalação formal da comissão para o segundo semestre.
Ao todo, a CPMI contará com 30 membros titulares, sendo 15 senadores e 15 deputados, além de outros 30 suplentes. A presidência deve ficar com o senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do governo e experiente em CPIs — ele presidiu a CPI da Covid em 2021.
A relatoria ainda está em disputa. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem defendido que o cargo fique com um deputado de perfil mais moderado, ligado ao centro político. A definição final deverá sair junto com a instalação oficial da comissão.
O que está em jogo com a CPMI
Além de apurar irregularidades no INSS, a CPMI se tornou palco de disputas partidárias. A oposição busca visibilidade, enquanto o governo tenta blindar sua imagem em meio a críticas sobre a gestão previdenciária. A composição da comissão, portanto, será decisiva para os rumos dos trabalhos.
O tema tem forte apelo popular, já que envolve benefícios sociais e suspeitas de fraudes bilionárias. Por isso, a CPMI deve se tornar um dos principais focos de atenção do Congresso no segundo semestre.
Com as eleições municipais de 2026 se aproximando, tanto governistas quanto opositores enxergam na comissão uma oportunidade para ganhar espaço político e reforçar suas narrativas.