Alta esperada da carteira para as famílias deve ser de 1,8%, com ritmo de expansão anual em 24,6%, maior nível desde dezembro de 2008 (+25,8%)
O saldo total da carteira de crédito deve seguir em expansão em março, com alta estimada de 1,2% no mês. O avanço deve ser liderado pelas operações com recursos livres (+1,7%), sustentando o ritmo de expansão acima dos 20%, de acordo com a Pesquisa Especial de Crédito da FEBRABAN. Em 12 meses, a carteira deve apresentar estabilidade e chegar a 16%, mas ainda em um patamar bastante elevado, acima de dois dígitos.
A Pesquisa de Crédito da FEBRABAN é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central e as projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam de 38% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, dependendo da linha, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.
A estimativa de expansão da carteira de crédito em 12 meses apresentou um pequeno recuo em comparação com a última pesquisa de fevereiro da FEBRABAN, que projetava alta de 16,3%. Os dados oficiais de fevereiro ainda não foram divulgados pelo Banco Central e, em janeiro, que é o último dado oficial disponível informado pelo regulador, a alta estimada era de 16,4%.
“A tendência é ter um ano com maior acomodação do ritmo de crescimento do crédito devido ao cenário de arrefecimento da atividade econômica, com alta mais acentuada da Selic para conter a inflação. Mesmo assim, neste primeiro trimestre, os resultados para a expansão anual da carteira total de crédito continuam, até de forma um pouco surpreendente, em nível elevado, mostrando que os bancos prosseguem ofertando crédito em um ritmo importante para famílias e empresas”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da FEBRABAN.
“Estes números também podem indicar uma certa resiliência da economia e afastam, ao menos por enquanto, que se instale um quadro recessivo da economia ao longo deste ano”, completa Sardenberg.
De acordo com a pesquisa, para as famílias, a alta esperada de 1,8% deve levar o ritmo de expansão anual da carteira para 24,6%, maior patamar desde dezembro de 2008 (+25,8%). O bom resultado reflete a melhora das condições sanitárias, que vêm permitindo a crescente reabertura da economia e favorecendo as linhas ligadas ao consumo.
Já a estimativa de expansão em março para as empresas é de 1,6%, com desempenho beneficiado pela sazonalidade positiva das linhas de fluxo de caixa (descontos de recebíveis e antecipação de faturas) e ligadas ao setor externo, que pode ter relação com o aumento das exportações.
A carteira direcionada, por sua vez, deve apresentar uma alta mais modesta (+0,5%), com desempenho desigual entres os segmentos. Enquanto a carteira Pessoa Física (+1,2%) deve seguir se beneficiando da demanda aquecida, em especial, por crédito rural, a carteira Pessoa Jurídica (-0,6%) deve seguir perdendo ímpeto em função da redução dos programas públicos de crédito.
Concessões
As concessões de crédito devem apresentar expressivo crescimento, de 30,7%, em março, devido à sazonalidade positiva de algumas linhas e do maior número de dias úteis em relação ao mês de fevereiro.
Quando o resultado é ajustado por dias úteis, a expansão chega a 18,8%, nível ainda bem elevado, reforçando que a injeção de crédito na economia tem sido significativa, mesmo com o arrefecimento da atividade econômica. De acordo com a pesquisa, na visão acumulada em 12 meses, o crescimento das concessões deve atingir o maior valor da série histórica (desde 2013), com expansão de 25,4%.
O crescimento do mês deve ser liderado pelo crédito destinado às empresas (+36,7%), com desempenho positivo em ambos os recursos. O destaque deve ficar com as operações com recursos livres, beneficiadas por questões sazonais (linhas relacionadas ao fluxo de caixa e do setor externo).
As concessões para as famílias também devem mostrar avanço significativo, de 25,2% no mês. O crescimento pode ser liderado pelas linhas voltadas ao consumo, como o cartão de crédito e o crédito pessoal, beneficiadas pela melhora das condições sanitárias.
Em função da greve dos seus funcionários, a Nota de Política Monetária e de Crédito do Banco Central com os dados de fevereiro e de março ainda não tem data definida para a sua publicação.