
- Dívida Pública Federal subiu R$ 912 bilhões em um ano e chegou a R$ 7,6 trilhões em abril.
- Representando 96% do total, dívida doméstica cresceu 1,5% no mês e 13,8% no ano.
- Juros médios caíram para 11,62% ao ano, mas continuam acima dos níveis de 2024.
A Dívida Pública Federal brasileira voltou a crescer em abril e alcançou o valor histórico de R$ 7,616 trilhões, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional. Em um ano, o avanço foi de R$ 912,7 bilhões, o que representa um aumento de 13,6%.
Alta contínua puxa alerta sobre endividamento
O aumento do estoque da Dívida Pública Federal (DPF) em abril foi de R$ 108,3 bilhões em relação a março, o que corresponde a uma elevação mensal de 1,4%. Esse crescimento está dentro do esperado pelo Tesouro, mas reforça o alerta sobre a trajetória de endividamento da União.
Segundo o Relatório Mensal da Dívida, publicado na última quarta-feira (28), a DPF é composta tanto pela dívida interna quanto pela externa. No entanto, a maior parte do crescimento recente vem da dívida mobiliária interna – emitida em reais e negociada dentro do país. Ela corresponde a 96% do total da dívida pública.
Esse segmento, chamado de Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), chegou a R$ 7,6 trilhões em abril. Na comparação com março, o crescimento foi de 1,5%. Já em relação a abril do ano passado, houve uma alta de 13,8%, evidenciando o ritmo constante de ampliação do endividamento doméstico.
Dívida externa recua no mês, mas cresce no ano
Em contrapartida, a Dívida Pública Federal externa (DPFe), que é emitida em moeda estrangeira e com credores internacionais, teve recuo de 1,1% no mês. O montante passou de R$ 309,6 bilhões em março para R$ 253,4 bilhões em abril.
Apesar dessa retração pontual, no acumulado de 12 meses o cenário é oposto: a dívida externa cresceu 9% em relação a abril de 2024, quando estava em R$ 280 bilhões. Essa oscilação ocorre principalmente por fatores como variações cambiais, amortizações e emissões externas.
O Tesouro explicou que, embora a dívida externa represente uma parcela menor do total, ela tem papel relevante na diversificação de fontes de financiamento. Além disso, pode contribuir com melhores condições de captação em determinados cenários do mercado internacional.
Custo da dívida tem leve alívio em abril
Outro ponto monitorado de perto pelos analistas do mercado é o custo médio da dívida. Essa taxa indica o quanto o governo precisa pagar, em média, para se financiar. Em abril, houve leve recuo nesse indicador, o que alivia momentaneamente a pressão sobre o orçamento público.
A taxa média em 12 meses passou de 11,7% em março para 11,62% em abril. Ainda assim, o custo permanece elevado quando comparado ao ano anterior. Em abril de 2024, o índice estava em 10,6%. Já em dezembro do ano passado, a dívida fechou o ano com um custo de 11,8%.
Essa redução pontual pode estar ligada à expectativa de queda nos juros básicos da economia brasileira. Caso a taxa Selic siga em trajetória de baixa nos próximos meses, é possível que o custo da dívida também continue a ceder, aliviando parte das pressões fiscais.
Endividamento exige atenção do governo
Mesmo com certa estabilidade nos indicadores de curto prazo, o cenário geral ainda preocupa especialistas. O crescimento expressivo da dívida em 12 meses, combinado com um déficit fiscal persistente, indica que a trajetória da dívida pública precisa ser administrada com rigor.
Para o Tesouro, a elevação da dívida está em linha com a necessidade de financiar os gastos do governo, especialmente diante do déficit nas contas públicas. No entanto, é necessário que tenha maior clareza sobre as medidas de controle de gastos e aumento de receitas que garantam sustentabilidade no longo prazo.
Portanto, sem um plano fiscal mais robusto, o endividamento pode continuar em alta, o que pressiona juros, reduz a capacidade de investimento do Estado e compromete o crescimento econômico.