
O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, conhecido por seus dribles desconcertantes, parece ter aplicado um “drible da vaca” nos investidores com o lançamento de sua criptomoeda, a Ronaldinho Coin (STAR10). Lançada em pleno domingo de carnaval (2 de março), a moeda teve uma curta e intensa trajetória de ascensão e queda, digna de um enredo de escola de samba.
Em apenas uma semana, a STAR10 despencou de sua máxima histórica de US$ 45,9 milhões em capitalização de mercado, registrada logo após o lançamento na BNB Chain, para menos de US$ 1 milhão nesta segunda-feira (10 de março), segundo dados do GeckoTerminal. Uma verdadeira ressaca para quem apostou no projeto!
Sinais de alerta ignorados
Antes mesmo do lançamento, já havia sinais de alerta. O analista de dados on-chain Ali Martinez chegou a comentar que o retorno de R10 ao mercado cripto era um “sinal de topo”. As postagens de Ronaldinho, quase todas em inglês, miravam a comunidade cripto global e indicavam a ambição do projeto.
Ronaldinho fez diversas menções a Changpeng Zhao (CZ), o fundador da Binance, incluindo um vídeo em que presenteava o executivo com uma camisa autografada. A escolha da BNB Chain para o lançamento do token e as menções a CZ sugerem que Ronaldinho esperava uma listagem na Binance, o que impulsionaria a STAR10. No entanto, CZ ignorou as investidas e, mais tarde, teria um papel crucial no naufrágio do projeto.
O lançamento oficial do STAR10 veio com promessas superlativas: “um legado em construção”, experiências exclusivas, colecionáveis autografados e até interação com um agente de IA. A capitalização de mercado disparou de US$ 12.000 para US$ 45,9 milhões em minutos, atingindo o topo do ranking de valorização do DexScreener.
A alegria, porém, durou pouco. Uma forte correção de 73% nas horas seguintes deu início à derrocada.
Problemas e mais problemas…
Questionamentos sobre a tokenomics (a distribuição e economia do token) e a segurança do contrato inteligente vieram à tona. Descobriu-se que menos de 10% do suprimento total estava disponível para negociação, e que o contrato permitia ao criador queimar tokens de qualquer detentor, destruindo os ativos dos investidores.
CZ, que até então havia ignorado Ronaldinho, repostou um alerta da empresa de segurança Web3 GoPlus sobre os riscos do contrato do STAR10, pedindo aos investidores que “tomassem cuidado”. O estrago estava feito.
A equipe de Ronaldinho tentou reverter a situação: revogou a propriedade do contrato, ampliou o período de travamento de tokens e anunciou uma campanha para a comunidade brasileira. Nada adiantou.
Uma ponte para a Solana (rede popular por suas memecoins) e uma parceria com a Chiliz (blockchain focada em esportes) foram as últimas cartadas, mas não surtiram efeito.
Silêncio e prejuízo
Desde os anúncios de 7 de março, o perfil oficial de Ronaldinho não fez mais publicações sobre a STAR10. Em 9 de março, a capitalização de mercado caiu abaixo de US$ 1 milhão.
O colapso da STAR10 se junta a outros empreendimentos mal sucedidos de Ronaldinho no mercado cripto, como participações em empresas acusadas de pirâmide financeira e apoio a criptomoedas que foram a zero.