Sem ingerência

Presidente da Petrobras nega que governo influencie na estatal

Magda Chambriard, afirma que aumento de investimentos é estratégico e vai gerar valor real à empresa, sem ingerência do governo.

Magda Chambriard - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Magda Chambriard - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
  • Magda Chambriard defendeu os investimentos elevados da Petrobras, destacando que eles gerarão valor real à companhia e não prejudicarão os dividendos
  • A presidente afirmou que não houve ingerência do governo federal na gestão da Petrobras e que a empresa tem liberdade para tomar decisões estratégicas
  • A Petrobras segue focada no petróleo, mas também investe em energias renováveis para garantir um futuro sustentável e diversificado para a empresa

Após o impacto nas ações da Petrobras, que caíram até 9% na B3, motivado pelo aumento de 31% nos investimentos da empresa para 2024, a presidente Magda Chambriard veio a público esclarecer a estratégia por trás da decisão e destacar que o governo federal não interferiu na gestão da companhia.

“Nossos investimentos são prioridade porque geram valor real, com retornos acima do custo de capital”, afirmou Magda

Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela defendeu que esses investimentos são cruciais para o crescimento da Petrobras, com foco em retornos acima do custo de capital e a geração de valor real para a companhia.

“O Estado brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, assim como nós desejamos. Aí está nosso interesse comum”, afirmou.

Aumento de investimentos

O mercado ficou em choque com o anúncio de um aumento substancial nos investimentos da Petrobras para 2024, especialmente considerando o impacto que isso poderia ter nos dividendos da empresa.

A alta de 31% foi vista como um risco, e as ações da estatal caíram significativamente no dia seguinte à divulgação do balanço. No entanto, Magda explicou que a decisão de antecipar pagamentos foi estratégica para corrigir um descompasso entre o fluxo financeiro e a execução das obras de plataformas.

Ela garantiu que a Petrobras não repetirá em 2025 os volumes de investimentos previstos para este ano. Magda afirmou que o ajuste foi concluído e ressaltou que a empresa não quer manter caixa ocioso, distribuindo R$ 9,1 bilhões aos acionistas, metade do valor inicialmente previsto.

“Nós conseguimos abrasileirar os preços dos combustíveis. Tínhamos o objetivo de não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação do câmbio e praticar, ao mesmo tempo, preços competitivos. Acredito que alcançamos esse objetivo”, afirmou.

Governança independente

Durante a entrevista, a presidente destacou que, embora exista uma interseção entre as políticas públicas do governo federal e a estratégia comercial da Petrobras, não houve ingerência na gestão da empresa.

Magda defendeu o protagonismo da Petrobras no desenvolvimento econômico do Brasil, em especial no apoio à indústria naval e offshore, que também estão entre as prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

“É uma iniciativa ganha-ganha: o governo vê prosperar seu desejo de reativar a indústria naval e offshore nacional, e a Petrobras tem como benefício o acesso a um mercado fornecedor próximo às suas operações, o que nos traz benefícios de custo, logística e para acompanhamento das obras”, disse.

Magda ainda frisou que, desde sua posse em maio de 2024, a Petrobras tem tido total liberdade para gerir a empresa. E, dessa forma, tomar decisões estratégicas para garantir a saúde financeira da estatal.

“Desde que assumi a Petrobras, em maio de 2024, eu e a diretoria temos tido total liberdade para gerir a empresa e tomar as decisões da forma que entendemos serem mais eficazes para a saúde financeira e o desenvolvimento da companhia”, afirmou.

“Nós refinamos grande parte do combustível que vendemos e temos uma extensa estrutura de transporte de derivados, espalhada por todo o país, em diferentes modais. Essas são vantagens da Petrobras em relação aos concorrentes que suportam a manutenção da nossa posição no mercado e não podem ser ignoradas na formação de preço”, disse a presidente da estatal.

Ela assegurou que, apesar das pressões políticas, a empresa segue focada em seu planejamento estratégico. E, contudo, que o governo brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, alinhada aos interesses da nação.

Transição energética e futuro da Petrobras

Outro ponto crucial abordado por Magda foi a questão da transição energética. A presidente reconheceu a necessidade de diversificação das fontes de energia, mas reafirmou a relevância do petróleo na matriz energética global.

“Não há retrocesso”, declarou, destacando que a Petrobras segue investindo em fontes renováveis, como etanol, hidrogênio verde e energia solar, enquanto mantém o foco no petróleo como base da operação da empresa.

“Estamos caminhando para um futuro de diversidade energética e esse movimento é irrefreável. Mas ele não será possível sem a presença ainda relevante do petróleo na matriz energética mundial.”

Além disso, Magda garantiu que a Petrobras continuará a investir em novas fronteiras exploratórias de petróleo, como no caso da Bacia da Foz do Amazonas, uma área estratégica para o futuro da empresa, para reposição das reservas do pré-sal. Ela acredita que o Ibama concederá a licença para a perfuração do poço ainda este ano, após o cumprimento de todas as exigências.

“Estamos em diálogo permanente com o Ibama e cumprindo todas as exigências estabelecidas, como sempre fizemos”, afirmou. 

“O que estamos prevendo para as águas profundas do Amapá é a maior estrutura de resposta a emergência do mundo. Em 45 anos atuando nessa indústria, eu nunca vi algo tão grande para salvaguarda das operações.”

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.