Os pedidos iniciais de auxílio desemprego nos Estados Unidos aumentaram marginalmente na semana passada, mas os dados ainda indicam um mercado de trabalho relativamente estável, o que deve influenciar as decisões do Federal Reserve (Fed) em sua próxima reunião de política monetária. Segundo o Departamento do Trabalho, os pedidos ajustados sazonalmente subiram para 223.000 na semana encerrada em 18 de janeiro, um aumento de 6.000 comparado à semana anterior, que registrou 217.000.
De acordo com a Reuters, o aumento nos pedidos de auxílio desemprego, embora modesto, ainda sugere que não há uma deterioração significativa nas condições do mercado de trabalho. O economista-chefe da LPL Financial, Jeffrey Roach, comentou:
“O mercado de trabalho está historicamente apertado, mas alguns setores estão diminuindo o ritmo de contratações”.
Disse Roach.
Segundo Roach, a estabilidade salarial, com crescimento acima da inflação, continua sustentando o avanço da economia, e o Fed não deve cortar as taxas de juros tão cedo quanto se pensava.
O aumento nos pedidos ocorreu principalmente em estados como a Califórnia, onde os incêndios florestais afetaram a coleta de dados. Contudo, a maior parte dos estados viu uma queda nos pedidos, incluindo Michigan, que observou uma diminuição de 9.025 registros, compensando o aumento na Califórnia. Em termos gerais, os pedidos não ajustados caíram de 68.135 para 284.222 na última semana.
Expectativa de contínuo crescimento no mercado de trabalho
Apesar do aumento temporário nos pedidos, a maioria dos economistas ainda prevê que o mercado de trabalho continuará sua trajetória de crescimento. Stephen Stanley, economista-chefe dos EUA no Santander US Capital Markets, afirmou: “O impacto dos incêndios florestais pode ter exercido um leve ímpeto ascendente na leitura mais recente”. A expectativa é que as condições climáticas extremas, como a tempestade de neve no Sul, possam continuar a influenciar os dados nas próximas semanas.
Em termos regionais, houve grandes quedas nos pedidos de auxílio-desemprego em estados como Texas, Ohio, Geórgia, Nova York, Missouri, Illinois, Pensilvânia, Carolina do Sul, Kentucky, Iowa e Connecticut, reforçando a ideia de que a recuperação econômica está ocorrendo de forma desiguais entre as regiões do país.
Federal Reserve e a política monetária
Esses dados de emprego têm impacto direto nas expectativas para a política monetária do Federal Reserve. Após um ciclo de aumentos agressivos nas taxas de juros em 2022 e 2023, o Fed optou por uma abordagem mais cautelosa em 2024, reduzindo a previsão de cortes nas taxas. A recente solidificação das condições do mercado de trabalho e a inflação ainda resistente são fatores que pesam na decisão do banco central.
Os economistas não esperam cortes nas taxas de juros durante a reunião do Fed na próxima semana, uma vez que a taxa de referência permanece em 4,25%-4,50%, após uma redução de 100 pontos-base desde setembro. O número de empregos continua a crescer, com 256.000 vagas criadas em dezembro e um total de 2,2 milhões de novos postos de trabalho no ano passado.
Embora as demissões se mantenham em níveis baixos, há sinais de desaceleração nas contratações. A média mensal de empregos criados caiu de 250.000 em 2022 para cerca de 186.000 em 2023, refletindo o efeito das taxas de juros mais altas aplicadas pelo Fed. Nancy Vanden Houten, economista-chefe da Oxford Economics, observou:
“O nível de pedidos contínuos, apesar das baixas demissões, é consistente com outras métricas do mercado de trabalho, como um ritmo lento de contratações.”
Afirmou Houten.
Os pedidos contínuos de auxílio-desemprego, que refletem o número de pessoas que continuam recebendo benefícios após a primeira semana de ajuda, aumentaram em 46.000, para 1,899 milhão, no período encerrado em 11 de janeiro. Esse número é o mais alto desde novembro de 2021, sinalizando que embora o mercado de trabalho permaneça robusto, encontrar um novo emprego após ser demitido pode estar se tornando mais difícil.
Com os dados mais recentes, o mercado de trabalho dos EUA parece estar se mantendo estável, apesar de algumas áreas de desaceleração nas contratações. O impacto das condições climáticas extremas e eventos como incêndios florestais são esperados para distorcer temporariamente os números. Porém, a tendência geral continua indicando um mercado de trabalho resistente, com baixas demissões e uma recuperação econômica gradual.
A próxima reunião do Federal Reserve, marcada para a próxima semana, será crucial para entender a continuidade ou não da política monetária restritiva, com foco na inflação e no crescimento do mercado de trabalho.