Após as recentes polêmicas envolvendo a taxação sobre importações pelo ministro Fernando Haddad, a Shein buscou soluções para se manter competitiva e evitar novos problemas aduaneiros.
A Shein, e-commerce chinês de moda, anunciou nesta quinta-feira (20) que começará a fabricar seus produtos no Brasil, tornando-se o primeiro movimento desse tipo feito pelo site desde que foi fundado há 15 anos. O presidente da empresa na América Latina, Marcelo Claure, afirmou que 70% dos produtos vendidos pela marca no Brasil são importados da China, enquanto os 30% restantes são oriundos de parceiros locais.
Com o objetivo de inverter essa relação, a empresa planeja ter 80% dos produtos vindo da fabricação local e do marketplace brasileiro até 2026, gerando empregos e fechando parcerias com dois mil fabricantes brasileiros. A Shein investirá US$ 150 milhões no Brasil para adaptar as fábricas nacionais ao modelo de produção da empresa, com investimentos em tecnologia, equipamentos e treinamento dos colaboradores.
O anúncio foi feito em um momento em que a Shein e outros ecommerces chineses enfrentam críticas de varejistas brasileiros por suposta concorrência desleal. Nas últimas semanas, o Governo estudou taxar as remessas internacionais de até US$ 50, mas voltou atrás após críticas nas redes sociais. Claure se comprometeu a investir no país e entregou ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma carta de compromisso com as promessas feitas para o Brasil.
A expectativa da Shein é que os preços dos produtos fabricados no Brasil sejam iguais ou menores que os importados, já que a empresa terá uma grande economia com a logística. O modelo de fabricação da Shein é on demand, ou seja, a empresa só fabrica o que vende, evitando que os fabricantes tenham o custo de carregar o estoque.
Segundo Claure, a decisão de iniciar a produção local tem a ver com a importância do mercado brasileiro para a Shein. O Brasil está entre os cinco maiores mercados da empresa em faturamento e o público brasileiro tem um “fit” muito grande com os produtos da marca. A ideia é que os produtos fabricados no Brasil também sejam exportados para outros países da América Latina. No futuro, a Shein pensa em adotar o modelo de near shoring em outros mercados em que atua.