A Gol Linhas Aéreas, uma das maiores companhias aéreas do Brasil, enfrenta um período desafiador em sua trajetória financeira. Recentemente, o Bradesco BBI reduziu drasticamente o preço-alvo da empresa de R$ 10 para R$ 1, o que indica um potencial declínio de 82% em relação ao último fechamento. Essa revisão vem na esteira do pedido de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, um movimento que reflete a complexidade da situação financeira da companhia.
No contexto do mercado financeiro, as ações da Gol (GOLL4) já demonstram o impacto dessa notícia. Em uma sessão recente, por volta das 11h45, o papel da empresa registrou queda de 11%, sendo negociado a R$ 5,66, e liderou as baixas do Ibovespa. Este cenário levanta preocupações entre investidores e analistas do setor.
De acordo com Victor Mizusaki, Wellington Lourenço e Larissa Monte, analistas de mercado, é muito provável que o tribunal de falências dos EUA aprove o pedido de recuperação judicial da Gol sob o Chapter 11, seguindo um precedente estabelecido com a LATAM em 2020. No entanto, alertam que o saldo aproximado de R$ 25 bilhões em reestruturação de passivos pode levar à diluição significativa dos acionistas minoritários. Isso se deve à conversão de cerca de US$ 2,3 bilhões em dívidas em patrimônio, divididos entre US$ 950 milhões de financiamento DIP, US$ 1,2 bilhão em notas garantidas sênior de 2028 e US$ 100 milhões em passivos de arrendamento de aeronaves.
Diante desse panorama, o Bradesco BBI destaca a Azul Linhas Aéreas (AZUL4) como sua escolha favorita no setor, reforçando a posição precária da Gol no mercado.
Por outro lado, em uma recente entrevista à rádio CBN, Celso Ferrer, presidente-executivo da Gol, trouxe um vislumbre de esperança e determinação. Ferrer assegurou que não haverá demissões de pessoal relacionadas ao processo de recuperação judicial. Essa declaração vem para tranquilizar os funcionários e o mercado sobre a estabilidade operacional da empresa. Além disso, ele mencionou que a Gol tem registrado uma “recuperação significativa” em seus resultados operacionais nos últimos trimestres, sinalizando uma melhora no desempenho da companhia após um período desafiador.
Celso Ferrer enfatizou o objetivo da Gol de reestruturar seu balanço financeiro para possibilitar o crescimento futuro da empresa. Essa abordagem sugere uma estratégia voltada para a sustentabilidade e fortalecimento a longo prazo, contrastando com a situação atual de incerteza e pressão financeira.
A falência da Gol
A Gol Linhas Aéreas, uma das principais companhias aéreas do Brasil, anunciou nesta quinta-feira um passo significativo em sua estratégia de reestruturação financeira. A empresa e suas subsidiárias estão entrando com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, um movimento estratégico para fortalecer sua posição financeira. Este processo, conhecido como “Chapter 11”, é uma prática legal nos EUA que permite às empresas reorganizar suas finanças enquanto continuam operando normalmente.
A notícia veio acompanhada de um anúncio de compromisso de financiamento de US$ 950 milhões na modalidade “debtor in possession” (DIP), oferecido por membros do Grupo Ad Hoc de bondholders da holding Abra e outros bondholders da Abra. Este financiamento é crucial para a companhia, pois fornecerá a liquidez necessária para manter suas operações durante o processo de reestruturação.
A negociação das ações da Gol na B3 foi temporariamente interrompida devido à iminência do fato relevante, retomando com uma queda de 2,26% e fechando em baixa de 3,16%. Este movimento reflete a preocupação do mercado com a saúde financeira da companhia. Entretanto, a empresa enfatiza que o Chapter 11 é uma ferramenta para levantar capital e fortalecer operações a longo prazo, sem impactar as operações correntes.
A Gol assegura que todos os voos estão operando conforme o programado e que todas as passagens aéreas e reservas permanecem válidas. A empresa destaca que, com o suporte do processo supervisionado pelo Tribunal dos EUA e a liquidez adicional do financiamento DIP, suas operações de passageiros e carga, assim como o programa de fidelidade Smiles, continuarão sem alterações.
A decisão de entrar com o pedido de recuperação judicial segue um período desafiador para a Gol, que tem lidado com um alto nível de endividamento. No final do terceiro trimestre, a empresa reportou uma relação dívida líquida/Ebitda de 7,9 vezes, um indicativo de pressão financeira, embora abaixo dos picos de alavancagem vivenciados durante a pandemia.
A Gol possui mais de R$ 20 bilhões em dívidas de financiamento, incluindo R$ 3 bilhões com vencimento no curto prazo. A entrada no Chapter 11 surge como uma estratégia para administrar essas obrigações financeiras e garantir sustentabilidade a longo prazo. A empresa ressalta que está cumprindo todas as suas obrigações em empréstimos e financiamentos sem atrasos.
A companhia espera que, ao final do processo de recuperação judicial, ela emergirá com uma estrutura de capital fortalecida, pronta para expandir sua liderança na aviação latino-americana. Este processo também visa reestruturar suas obrigações financeiras de curto prazo, buscando um futuro mais estável e seguro.
Especulações sobre a possibilidade da Gol pedir recuperação judicial nos EUA ganharam força recentemente, especialmente após a contratação da Seabury Capital para auxiliar na revisão da estrutura de capital da empresa. Este movimento foi visto como um esforço para abordar questões de gestão de passivos e aumentar a liquidez em um momento crítico.
Cenário é critico?
No pregão desta quinta-feira (25), as ações da Gol (GOLL4) fecharam em queda de 3,16%, cotadas a R$ 6,44, após um leilão dos ativos no final do dia. Em contraste, a sua concorrente, a Azul (AZUL4), registrou um aumento de 6,03%, fechando a R$ 14,07, próximo às suas máximas diárias.
Este cenário marca um período desafiador para a Gol, que enfrenta dívidas elevadas e contratou a Seabury Capital no mês passado para uma revisão de sua estrutura de capital. A companhia espera fortalecer sua estrutura de capital e ter sustentabilidade no longo prazo através do processo de recuperação judicial, conhecido como “Chapter 11”. A Gol anunciou que buscará acesso a um financiamento de US$ 950 milhões como parte do processo legal, que fornecerá liquidez substancial para apoiar as operações durante a reestruturação financeira.
A Gol é a mais recente companhia aérea latino-americana a buscar proteção contra falência após a crise desencadeada pela pandemia, seguindo o caminho de outras grandes companhias da região, como Avianca, Aeromexico e LATAM Airlines. A empresa detinha 33% de participação de mercado na indústria de aviação brasileira no ano passado, sendo a principal companhia aérea do Brasil de 2016 a 2020.
Análises de sell-side e agências de classificação apontam que, apesar de números operacionais sólidos e demanda saudável por viagens aéreas no Brasil, as altas despesas com leasing e juros têm pressionado o fluxo de caixa da Gol e afetado seu perfil de dívida. A companhia também enfrentou problemas de capacidade devido a atrasos nas entregas de aeronaves da Boeing e pressão de manutenção.
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