
- O déficit nominal somou R$ 968,5 bilhões em 12 meses até julho, maior nível desde dezembro de 2024
- A despesa com juros atingiu R$ 941,2 bilhões, ou 7,64% do PIB, pressionando as contas públicas
- A dívida bruta avançou para 77,6% do PIB, totalizando R$ 9,6 trilhões e aumentando riscos fiscais
O déficit nominal do setor público consolidado voltou a crescer e alcançou R$ 968,5 bilhões no acumulado de 12 meses até julho, segundo dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira (29). O montante é o maior desde dezembro de 2024, quando havia chegado a R$ 998 bilhões.
O resultado mostra deterioração fiscal em ritmo acelerado, já que em junho o saldo negativo havia sido de R$ 894,4 bilhões. Analistas avaliam que os gastos com juros, somados ao aumento da dívida bruta, seguem pressionando as contas públicas e comprometendo a trajetória de sustentabilidade do país.
Juros pesam mais no resultado
Em 12 meses, a despesa com juros da dívida atingiu R$ 941,2 bilhões, o equivalente a 7,64% do PIB. Esse valor superou os R$ 869,8 bilhões registrados no mesmo período até julho de 2024, evidenciando o impacto da Selic elevada e do crescimento do endividamento.
Assim, somente em julho, o setor público consolidado desembolsou R$ 109 bilhões em juros. Esse patamar reforça a percepção de que o custo do financiamento se tornou um dos principais motores da piora fiscal, reduzindo o espaço para investimentos e aumentando a pressão sobre o Tesouro Nacional.
Especialistas apontam que, enquanto não houver queda consistente na taxa básica de juros, será difícil reduzir de forma significativa o déficit nominal. Desse modo, o peso crescente dessa despesa limita a capacidade de ajuste estrutural das contas.
Primário em queda
O resultado primário, que exclui as despesas com juros, também registrou deterioração. No acumulado de 12 meses até julho, o déficit primário foi de R$ 27,3 bilhões, revelando que mesmo sem a influência da dívida os gastos superaram as receitas.
O número representa uma reversão em relação a períodos anteriores de superávit. Até julho de 2022, por exemplo, o setor público havia alcançado saldo positivo superior a R$ 200 bilhões. Além disso, a mudança de tendência indica dificuldades para manter as contas sob controle diante de despesas crescentes.
A volta ao terreno negativo mostra que os esforços de ajuste não têm sido suficientes para conter o avanço do gasto público. Portanto, isso reforça as incertezas sobre o equilíbrio fiscal no médio prazo.
Dívida bruta em trajetória ascendente
A dívida bruta do governo geral subiu para 77,6% do PIB em julho, totalizando R$ 9,6 trilhões. O índice aumentou 0,9 ponto percentual em relação a junho e acumula alta de 5,9 pontos percentuais desde o início do governo Lula.
Ademais, o patamar coloca o Brasil acima da média de países emergentes e sinaliza maiores dificuldades para financiar o déficit com credibilidade. Quando a dívida cresce mais rápido que o PIB, o custo do crédito aumenta e a confiança dos investidores tende a diminuir.
Esse avanço da dívida, combinado ao déficit nominal elevado, amplia os riscos de rebaixamento pelas agências de classificação de risco. Por fim, o desafio do governo será conciliar crescimento econômico com responsabilidade fiscal.