
O aumento da Selic em 0,5 ponto-percentual para 14,75% ao ano — o maior nível desde agosto de 2006, na última quarta-feira (7), reacendeu um debate relevante entre analistas e investidores: ainda há espaço para mais altas na taxa básica de juros do Brasil?
Para a Genial Investimentos, o ciclo de aperto monetário pode ter chegado ao fim. Isso porque, a casa observou esse indicativo no comunicado pós-reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central (BC).
A casa destaca a retirada do forward guidance e o tom mais cauteloso do Banco Central como sinais de que a autoridade monetária busca flexibilidade diante de um cenário repleto de incertezas. “A mudança na comunicação e a caracterização do estágio atual como ‘avançado’ sugerem que o impacto total dos aumentos ainda será sentido, o que pode justificar uma pausa”, avaliou a Genial.
Além disso, o BC ajustou para baixo suas projeções de inflação: de 5,1% para 4,8% em 2025 e de 3,9% para 3,6% no horizonte relevante, que agora se estende até o quarto trimestre de 2026.
Apesar da melhora, a Genial argumenta que o recuo foi tímido, mesmo com a valorização do real e a queda nas commodities, o que indica persistência no desafio de trazer a inflação à meta.
Já a XP Investimentos mantém uma visão mais cautelosa. Para a corretora, ainda há espaço — e necessidade — de uma última alta na taxa básica de juros.
A XP acredita que pressões inflacionárias internas, como os estímulos fiscais recentes (Minha Casa Minha Vida, liberação do FGTS e crédito consignado privado), ainda não estão totalmente refletidas nos preços.
Além disso, a desancoragem das expectativas de inflação permanece como uma preocupação central.
Nesse sentido, a casa projeta uma elevação final de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, levando a Selic para 15% ao ano. “Apesar do cenário externo de possível desaceleração global, ainda não é claro se isso trará um impacto desinflacionário relevante para o Brasil”, afirmou a XP.
O Banco Central, por sua vez, adotou um discurso mais equilibrado, removendo o viés de alta no balanço de riscos e destacando que os efeitos da política monetária ainda estão em curso.