- Requerimento cita 15 empresas públicas e já conta com apoio de mais de 100 deputados.
- Parlamentares apontam baixa eficiência e suspeita de uso político nas estatais.
- Base aliada tenta barrar apoio e defende que parte das empresas está em reestruturação.
O vice-líder do PL na Câmara dos Deputados, Zé Vitor (MG), protocolou na última segunda-feira (24) um requerimento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue o déficit acumulado pelas estatais federais. A proposta mira empresas como Correios, EBC e Telebras, que apresentaram prejuízos milionários nos dois primeiros anos do governo Lula.
Déficit de R$ 26 bilhões motiva CPI das estatais
De acordo com o deputado, 15 estatais controladas pela União já acumulam um prejuízo superior a R$ 26 bilhões. Os dados foram levantados junto ao Tesouro Nacional e à Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), vinculada ao Ministério da Gestão.
Segundo a CNN Brasil, o pedido de CPI já conta com apoio de ao menos 106 parlamentares. São necessárias 171 assinaturas válidas para que a proposta avance. A oposição, composta principalmente por PL, PP, Republicanos e Novo, promete alcançar o número até o fim da semana.
Zé Vitor afirma que o objetivo da comissão será apurar se há gestão temerária, aparelhamento político ou fraudes na administração dessas empresas públicas. A justificativa apresentada no requerimento cita um “modelo ultrapassado e ineficiente” de gestão estatal.
Além disso, ele argumenta que os prejuízos crescentes representam risco fiscal e comprometem a confiança da população na condução da máquina pública. Portanto, a CPI pretende revisar balanços, contratos e critérios de nomeação em cargos de liderança.
Correios e EBC concentram maiores prejuízos, aponta oposição
Entre as empresas citadas com destaque no requerimento estão os Correios e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Segundo Zé Vitor, essas estatais registram os maiores déficits individuais, com destaque para os R$ 3,4 bilhões em perdas acumuladas pelos Correios.
A EBC, por exemplo, é apontada como alvo de expansão orçamentária mesmo com baixa audiência e limitada atuação operacional. Já os Correios têm sido criticados pela queda de produtividade, aumento de gastos e fragilidade logística.
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Além disso, o Palácio do Planalto avalia que a criação de uma CPI neste momento pode travar a pauta econômica no Congresso. Por isso, líderes do governo já articulam formas de desmobilizar o apoio parlamentar à iniciativa.
Enquanto isso, Zé Vitor e outros parlamentares da oposição têm intensificado a campanha por meio das redes sociais, buscando mobilizar a opinião pública. Para eles, a CPI também servirá como resposta institucional à falta de transparência nas estatais e à ausência de fiscalização efetiva por parte do Executivo.
CPI amplia tensão entre Planalto e oposição na Câmara
A tentativa de instalação da CPI ocorre num momento em que o governo Lula busca retomar o protagonismo na pauta econômica, com projetos como a nova reforma tributária e o avanço do PAC. Contudo, a oposição vê no tema das estatais uma janela de mobilização política, especialmente em ano pré-eleitoral.
A depender do número de assinaturas colhidas, a CPI pode ser lida ainda no mês de abril. A partir daí, caberá ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se autoriza a abertura e nomeia os membros da comissão.
Portanto, a criação da CPI das estatais pode acirrar o ambiente político na Câmara e testar a capacidade de articulação do governo para preservar sua base.
