
- Parlamentares usaram a sessão dos 60 anos do BC para cobrar redução da taxa básica de juros, atualmente em 14,25% ao ano
- Deputados manifestaram insatisfação com a alta taxa Selic durante evento com a presença do presidente do BC, Gabriel Galípolo
- Legisladores exigem nova postura do Banco Central na condução da política monetária para aliviar o custo do crédito
Parlamentares aproveitaram a sessão comemorativa dos 60 anos do Banco Central, realizada nesta terça-feira (1), para pressionar a instituição a reduzir a taxa Selic.
Com a presença do presidente do BC, Gabriel Galípolo, deputados manifestaram descontentamento com a elevação da taxa para 14,25% ao ano. E, assim, cobraram uma postura diferente da autarquia na condução da política monetária.
Críticas à taxa de juros elevada
O deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) foi um dos mais enfáticos em sua manifestação.
“Eu venho em nome do povo brasileiro dizer a vocês que não aceitamos essa taxa de juros, que não concordamos, e que os fundamentos estão equivocados”, declarou.
Hauly defendeu que os juros sejam reduzidos pela metade, argumentando que a taxa elevada prejudica a economia e as empresas.
Outros parlamentares também expressaram preocupação com os impactos da política monetária. Mauro Benevides Filho (PDT-CE) destacou que, desde 1999, os resultados primários têm sido insuficientes para reduzir a dívida pública, diretamente influenciada pela Selic. Ele pediu que o Comitê de Política Monetária (Copom) reavalie sua estratégia.
O BC elevou os juros de 13,25% para 14,25% ao ano no último dia 19 e já sinalizou um novo aumento, menor do que 1 ponto percentual, na reunião de maio. A decisão gerou forte repercussão entre parlamentares e setores produtivos.
Defesa do Banco Central e da política monetária
Em meio às críticas, o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, saiu em defesa da instituição e de seu presidente.
“Todos gostaríamos de ter o Brasil com uma inflação controlada e também uma taxa de juros compatível com outras economias. Mas isso não é apenas uma questão de vontade política, e sim uma necessidade técnica para manter a estabilidade econômica”, explicou Meirelles.
Ele elogiou a postura de Gabriel Galípolo na condução da política monetária. Assim, afirmando que a decisão de manter os juros elevados tem o objetivo de conter a inflação e garantir a segurança financeira do país.
Outras autoridades, como Alexandre Tombini, ex-presidente do BC e atual representante do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para as Américas, também destacaram a importância de uma instituição sólida e independente para enfrentar cenários de incerteza internacional.
Perspectivas para o futuro
O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, ressaltou o avanço da inclusão financeira no Brasil. E, assim, defendeu medidas para tornar o sistema mais acessível a todos os brasileiros.
Ele afirmou que o Banco Central tem um papel fundamental na regulação do setor e na construção de um ambiente mais equilibrado para o crédito e o financiamento da economia.
Já o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Risco do Banco do Brasil, Felipe Prince, fez uma retrospectiva da relação entre o Banco Central e o Banco do Brasil. Dessa forma, destacando como ambas as instituições evoluíram ao longo das décadas.
Por sua vez, Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados e atual presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, elogiou a capacidade de diálogo e articulação de Galípolo, reforçando sua importância na condução da política monetária.
Apesar das críticas e defesas, o debate sobre a taxa de juros, no entanto, segue intenso, com parlamentares cobrando mudanças e o Banco Central sustentando a necessidade de manter a Selic elevada para garantir o controle da inflação.