
- Escritório diplomático dos EUA acusou Moraes de censura e prometeu ações lideradas por Trump e Rubio
- Analistas veem a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros como uma retaliação indireta às decisões do STF
- Moraes virou alvo internacional por sua atuação em investigações contra Jair Bolsonaro
A nova diplomacia norte-americana, sob o comando de Donald Trump, elevou o tom contra o ministro Alexandre de Moraes. Nesta quinta-feira (24), o Escritório de Diplomacia Pública do Departamento de Estado dos EUA acusou o magistrado de liderar uma perseguição política contra Jair Bolsonaro. Segundo a publicação, sua atuação não apenas compromete a democracia no Brasil, como também ameaça a liberdade de expressão dentro dos Estados Unidos.
A declaração, feita por meio da rede social X (antigo Twitter), chamou Moraes de “coração pulsante do complexo de censura e perseguição” ao ex-presidente brasileiro. O post destacou ainda que, graças à liderança de Trump e do secretário de Estado Marco Rubio, os EUA estariam atentos e prontos para agir diante do avanço autoritário do Judiciário brasileiro.
Rubio promete responsabilização internacional
O ataque não partiu isoladamente. A publicação fez referência direta a um texto anterior de Marco Rubio. Nele, o atual secretário de Estado afirmou que o governo Trump responsabilizará estrangeiros que reprimem liberdades garantidas pela Constituição americana. Rubio classificou as ações do STF como parte de uma “caça às bruxas política”.
Ao conectar o caso de Bolsonaro com a liberdade de expressão nos Estados Unidos, a gestão Trump busca justificar possíveis medidas contra autoridades brasileiras. Embora o Departamento de Estado não tenha detalhado quais providências serão adotadas, fontes próximas ao governo indicam que novas sanções estão sendo avaliadas. Entre elas, estariam restrições a acordos, congelamento de ativos e sanções individuais.
Além disso, parlamentares republicanos já discutem formas de pressionar o Brasil em organismos multilaterais. A atuação de Moraes, que lidera investigações sobre tentativa de golpe e milícias digitais, tornou-se o principal alvo dos ataques diplomáticos.
Tarifa de 50% acirra o embate
Em paralelo às críticas ao Judiciário, o governo dos Estados Unidos impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto. Embora oficialmente justificada como uma medida de proteção comercial, a decisão é amplamente interpretada como retaliação política.
A sobretaxa afetará diversos setores da economia nacional e pode impactar o comércio bilateral de forma duradoura. Para o governo Lula, a iniciativa representa uma forma velada de interferência nos assuntos internos do Brasil. Fontes do Itamaraty afirmam que o Palácio do Planalto avalia medidas diplomáticas de resposta, embora até o momento nenhuma nota oficial tenha sido divulgada.
Além disso, a escalada de tensões ocorre em um momento sensível, em que o Brasil tenta preservar relações econômicas com potências ocidentais enquanto enfrenta instabilidades políticas internas. Nesse cenário, os embates entre Judiciário e Executivo ganham contornos internacionais.
Moraes vira centro da ofensiva
Alexandre de Moraes se consolidou como protagonista nas investigações contra o bolsonarismo. Desde 2022, ele acumula relatorias sobre ataques à democracia, fake news e atos antidemocráticos. Por isso, tornou-se um símbolo de resistência para parte da população brasileira — e um inimigo para setores mais conservadores dos EUA.
Os republicanos consideram que as ações do STF extrapolam os limites constitucionais e afetam diretamente interesses norte-americanos. Segundo eles, cidadãos e plataformas dos EUA vêm sendo atingidos por decisões judiciais brasileiras, o que justificaria uma reação institucional.
Apesar das pressões, o Supremo ainda não comentou as acusações. Internamente, ministros consideram o episódio como mais uma tentativa de descredibilizar a Corte, mas evitam confrontos públicos com governos estrangeiros.