
- Dívida bruta do Brasil atinge 76,1% do PIB em maio, totalizando R$ 9,3 trilhões.
- Gasto com juros em 12 meses chega a R$ 946,1 bilhões, mesmo com superavit primário.
- Desde o início do governo Lula, dívida subiu 4,4 p.p. e pressiona as contas públicas.
A dívida bruta do governo brasileiro voltou a subir em maio e atingiu 76,1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo relatório do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (30.jun). O
Sendo assim, o valor nominal chegou a R$ 9,3 trilhões, com um gasto acumulado em juros de R$ 946,1 bilhões nos últimos 12 meses. Desse modo, mesmo com superavit primário, o resultado nominal segue negativo devido ao peso dos encargos da dívida.
Alta silenciosa, impacto bilionário
De abril para maio, a dívida subiu 0,2 ponto percentual. Pode parecer pouco, mas representa bilhões de reais a mais na conta pública. Assim, desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a dívida cresceu 4,4 pontos percentuais do PIB, mostrando aceleração em ritmo constante.
Além disso, o aumento em maio foi puxado principalmente por dois fatores. O primeiro foi o crescimento dos gastos com juros da dívida, que somaram +0,8 ponto percentual no mês. O segundo foi a queda do PIB nominal, que gerou um efeito negativo de -0,6 ponto percentual, ampliando o peso relativo da dívida sobre a economia.
No acumulado do ano, no entanto, a dívida bruta caiu 0,4 ponto percentual. Isso ocorreu devido a fatores como resgates líquidos de dívida (-1,0 p.p.) e valorização cambial (-0,3 p.p.), que compensaram parcialmente os efeitos negativos dos juros (+3,7 p.p.) e da baixa no PIB.
Juros batem recorde e levam a rombo histórico
Mesmo com o superavit primário de R$ 24,1 bilhões registrado até maio, o setor público consolidado amargou um déficit nominal de R$ 922 bilhões. Isso aconteceu porque o gasto com juros da dívida pública disparou para R$ 946,1 bilhões nos últimos 12 meses.
Ademais, desde o final de 2022, esse indicador não para de subir. Nesse sentido, com a taxa Selic mantida em patamares elevados (15% ao ano), o custo para rolar a dívida se tornou muito mais caro. Mesmo com um bom resultado fiscal na parte primária, o Tesouro não consegue equilibrar a conta final.
Comparando com o início do mandato de Lula, o gasto com juros saltou mais de R$ 200 bilhões, pressionando o orçamento da União e dificultando a obtenção de superavit nominal. Essa dinâmica reduz a margem para investimentos públicos e compromete o espaço fiscal do governo.
Pressão política e desafios futuros
Os números reacenderam o debate sobre responsabilidade fiscal. A equipe econômica de Lula defende que o novo arcabouço trará resultados a médio prazo, com controle de despesas e foco em crescimento da arrecadação. Porém, o mercado mostra preocupação com a trajetória da dívida e o ritmo das reformas.
Sendo assim, dentro do governo, ministros evitam falar em cortes imediatos. A prioridade continua sendo ampliar investimentos sociais e retomar o crescimento. Contudo, o cenário de juros altos e endividamento crescente coloca em risco a confiança de investidores e a estabilidade macroeconômica.
Especialistas defendem que o governo precisa dar sinais claros de comprometimento com o ajuste fiscal. Isso passa por medidas estruturais, como reforma administrativa, revisão de renúncias tributárias e limitação de gastos obrigatórios. Sem essas mudanças, o risco de descontrole da dívida cresce.