
- A dívida bruta do governo subiu para 77,6% do PIB em julho, somando R$ 9,6 trilhões
- O gasto com juros em 12 meses chegou a R$ 941,2 bilhões, equivalente a 7,64% do PIB
- O déficit nominal atingiu R$ 968,5 bilhões no acumulado de 12 meses, aumentando a pressão fiscal
O Banco Central divulgou nesta sexta-feira (29) que a dívida bruta do governo geral subiu para 77,6% do PIB em julho, um avanço de 1,1 ponto percentual no mês. O montante chegou a R$ 9,6 trilhões, reforçando preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas.
Desde o início do governo Lula, o indicador acumula alta de 5,9 pontos percentuais, aproximando o Brasil de patamares considerados críticos em comparação a outros países emergentes. Para investidores e agências de risco, essa trajetória eleva o custo de financiamento e aumenta a desconfiança no mercado.
O que puxou o endividamento
Segundo o Banco Central, quatro fatores explicam a piora em julho. O primeiro foi o gasto com juros, que sozinho adicionou 0,8 ponto percentual ao índice. Emissões líquidas de dívida contribuíram com mais 0,4 ponto, enquanto a desvalorização cambial elevou o indicador em 0,1 ponto. Já a variação negativa do PIB nominal ajudou a reduzir parcialmente o impacto, em 0,4 ponto.
No acumulado de 2025, o aumento de 1,1 ponto percentual também reflete os juros elevados, que adicionaram 5,1 pontos. Assim, a queda no PIB nominal subtraiu 3,6 pontos, mas não foi suficiente para conter a escalada. A valorização cambial completou o quadro com impacto negativo de 0,4 ponto.
Esse comportamento mostra que a dinâmica da dívida segue fortemente atrelada ao custo do serviço da dívida pública e ao fraco desempenho da economia. Desse modo, a combinação dos fatores amplia os desafios do governo para estabilizar o indicador.
Juros mais caros, dívida mais pesada
Em julho, o setor público consolidado desembolsou R$ 109 bilhões em juros, valor 36% maior que os R$ 80,1 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. O aumento foi impulsionado pela elevação do estoque da dívida e pela manutenção da Selic em patamar elevado.
No acumulado de 12 meses, a despesa com juros alcançou R$ 941,2 bilhões, equivalente a 7,64% do PIB. Além disso, um ano antes, essa relação era de 6,7%. Essa expansão mostra como o gasto financeiro se tornou um dos principais motores de crescimento do endividamento.
Analistas ressaltam que, enquanto os juros permanecerem altos, será difícil reduzir de forma consistente a trajetória da dívida. Portanto, a pressão sobre o Tesouro Nacional cresce e limita o espaço para políticas públicas e investimentos.
Déficit nominal e riscos à frente
O resultado nominal, que inclui os gastos com juros, foi deficitário em R$ 175,6 bilhões em julho. No acumulado de 12 meses, o saldo negativo alcançou R$ 968,5 bilhões, ou 7,86% do PIB.
Ademais, esse cenário reforça a necessidade de ajuste fiscal estrutural para estabilizar a dívida. Sem medidas que ampliem a arrecadação ou contenham despesas, o Brasil pode perder credibilidade diante de investidores e encarar novos rebaixamentos de rating.
Economistas afirmam que o desafio do governo é duplo: controlar o crescimento do gasto público e, ao mesmo tempo, lidar com uma carga de juros que encarece cada vez mais o serviço da dívida. Por fim, a equação pressiona o ambiente macroeconômico e mantém elevada a percepção de risco.