O dólar à vista (USDBRL) iniciou 2025 com um movimento de desvalorização frente ao real, após um 2024 em que a moeda norte-americana se valorizou quase 30%. Na última sessão, a moeda dos Estados Unidos fechou negociada a R$ 6,1625, uma queda de 0,29% em relação ao dia anterior.
Apesar da queda frente ao real, o desempenho da moeda norte-americana foi oposto à tendência global. O índice DXY, que mede o valor do dólar em relação a uma cesta de seis divisas globais, atingiu a maior cotação dos últimos dois anos. O DXY encerrou a sessão com avanço de 0,87%, registrando 109,365 pontos, refletindo as expectativas dos mercados sobre o início do governo de Donald Trump.
Cenário doméstico e fiscal impactam o real
Internamente, o dólar chegou a superar a marca de R$ 6,20 no início da sessão, à medida que investidores ajustavam suas posições para o novo ano. O cenário fiscal do Brasil continua sendo um fator importante para a movimentação cambial. Embora o Congresso tenha aprovado no fim de 2024 medidas de contenção de gastos propostas pelo Executivo, o mercado financeiro ainda avalia a necessidade de mais ações concretas para o controle da dívida pública do país.
O Banco Central informou um fluxo cambial negativo de US$ 24,314 bilhões em dezembro até o dia 27. Esse dado gerou preocupação, indicando que o Brasil continua enfrentando dificuldades para atrair investimentos estrangeiros.
Estados Unidos e o impacto das expectativas econômicas
Do lado externo, o desempenho do dólar foi impulsionado por dados econômicos dos Estados Unidos que surpreenderam positivamente o mercado. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram inesperadamente na última semana de 2024, com 211.000 solicitações, 11.000 a menos do que o esperado pelos analistas. O Departamento do Trabalho dos EUA anunciou que esse dado reflete uma desaceleração das demissões no final do ano, um indicador de estabilidade econômica.
Além disso, os investidores estão atentos às promessas do presidente eleito, Donald Trump, de aumentar tarifas e intensificar as tensões comerciais com outros países, o que pode resultar em um cenário de maior incerteza econômica global. A expectativa é de que o novo governo possa adotar políticas econômicas mais protecionistas, impactando negativamente mercados emergentes como o Brasil.
Juros mais altos favorecem o dólar
Outro fator que favorece o fortalecimento do dólar é a expectativa de continuidade de uma política monetária restritiva nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, sinalizou que, em 2025, os juros devem permanecer elevados por mais tempo, com a possibilidade de apenas dois cortes de 0,25 pontos percentuais ao longo do ano.
O maior rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano, conhecidos como Treasuries, torna o dólar mais atrativo para os investidores. Isso acaba atraindo recursos para o mercado americano e reduzindo o apetite por risco nos mercados emergentes, como o brasileiro. Com isso, a expectativa é de que o real continue pressionado, dependendo de como as questões fiscais e políticas domésticas evoluam nos próximos meses.
Com esses fatores, o dólar deve seguir influenciado tanto por dados domésticos quanto globais, e os investidores continuarão monitorando de perto o cenário fiscal brasileiro e a postura do governo dos EUA para os próximos meses.