Economia do Brasil

Economia brasileira deve crescer 2,5% em 2025, prevê Allianz Trade

Economistas da seguradora de crédito analisam o comportamento econômico em novo relatório global.

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Em seu mais recente relatório Global Economic Outlook 2025-2026, o time de economistas da Allianz Research, departamento de análise econômica da líder mundial em seguro de crédito, Allianz Trade, aponta que o crescimento global permanecerá estável, com +2,8% em 2025-26.

Os autores da análise apontam que as economias desenvolvidas enfrentarão uma leve desaceleração, com o crescimento diminuindo de +1,8% em 2025 para +1,7% em 2026. Já a economia dos EUA deve crescer +2,3% em 2025, desacelerando para +1,8% em 2026, refletindo uma queda gradual, já que o país enfrentará diversos desafios econômicos, incluindo possíveis mudanças na política fiscal e em suas dinâmicas comerciais. Por sua vez, o Reino Unido deve registrar um crescimento de +1,3% em 2025, aumentando ligeiramente para +1,5% em 2026. Enquanto isso, a Zona do Euro é projetada para crescer +1,2% em 2025 e +1,5% em 2026, com países como Espanha e Irlanda liderando com taxas de crescimento mais elevadas.

Na América Latina, espera-se que o crescimento aumente de +2,6% em 2025 para +3,2% em 2026, com países como Argentina e Colômbia apresentando melhorias notáveis. No Brasil, os autores afirmam que a economia está projetada para crescer +2,5% em 2025, desacelerando ligeiramente para +2,3% em 2026, à medida que enfrenta desafios inflacionários, como mostra a tabela abaixo:

Mercados emergentes: Resilientes apesar dos ventos contrários de uma guerra comercial contida

Os mercados emergentes (MEs) terão crescimento resiliente no contexto dos impactos da reeleição de Donald Trump e da Comissão Europeia que tomou posse recentemente, em 2024. O relatório aponta que eles devem crescer +4,1% em 2025-2026 – e até mesmo acelerar ligeiramente quando se exclui a China.

Os riscos para a perspectiva econômica ainda incluem o comércio externo (como guerra comercial plena para México e Vietnã, incertezas políticas na Alemanha, afetando a Europa Central e Oriental), preços de commodities, tensões geopolíticas e eventos relacionados ao clima. Para os economistas, o financiamento de déficits fiscais continuará sendo um ponto de atenção para os mercados emergentes como um todo, enquanto alguns países enfrentarão margens de crédito e corporativas reduzidas devido a políticas monetárias restritivas (Brasil, Nigéria e Turquia).

O relatório afirma ainda que a potencial escalada das tensões comerciais com os EUA representa riscos adicionais e que ela pode afetar significativamente outras economias emergentes com fortes laços comerciais com a China. Os desafios fiscais do Brasil, que impactam notavelmente a região da América Latina e o desempenho da dívida em moeda local, assim como as tensões políticas contínuas no Oriente Médio, também permanecem áreas críticas de preocupação. Essas dinâmicas podem exacerbar a instabilidade regional e pesar no sentimento dos investidores.

Além disso, espera-se um aumento na assimetria de riscos em meio a incertezas políticas crescentes, onde um estresse agudo no mercado pode desencadear saídas de capital acentuadas e correções significativas nos preços dos ativos de mercados emergentes.

Diante desse cenário, os autores afirmam estar “cautelosamente otimistas” em relação aos ativos de MEs.

“Projetamos retornos totais para ações de MEs de +7% em 2025 e +8% em 2026. Os spreads da dívida em moeda forte de MEs devem se ampliar para 220bps em 2025 antes de reduzir para 205bps em 2026, enquanto os rendimentos em moeda local devem continuar sua trajetória de queda para 6% em 2025 e 5,8% em 2026”.

Recuo da Inflação

O relatório também analisa o comportamento da inflação globalmente, que deve finalmente recuar para 2%, permitindo que o afrouxamento monetário continue. A trajetória da inflação em 2025 deve diferir entre os EUA e outros mercados desenvolvidos. Nos EUA, as medidas subjacentes de inflação permaneceram persistentes nos últimos seis meses, como a inflação do núcleo do IPC (trimmed mean), que se estabilizou em torno de +3,2% a/a. Assim, espera-se que a inflação nos EUA continue acima da meta de 2% do Fed nos próximos 18 meses, já que as políticas que provavelmente serão implementadas pela administração Trump devem pressionar os preços para cima.

“Por outro lado, nos países desenvolvidos da Europa, esperamos que a inflação permaneça próxima às metas dos bancos centrais em 2025, já que a combinação de demanda fraca prolongada e a dissipação de choques de oferta passados afetam cada vez mais o crescimento salarial e de preços subjacentes. A inflação nos serviços continuará elevada, refletindo principalmente o ajuste às pressões salariais e de custos passados. No entanto, projetamos que a inflação nos serviços moderará ao longo de 2025, mas ainda ficará acima da média pré-Covid”.

No Brasil, como mostra a tabela abaixo, a previsão dos economistas da Allianz Trade é que a inflação diminua em 0,3% em comparação a 2024, atingindo os 4,0% em 2025 e tendo uma queda ainda mais acentuada de 0,5% em 2026.