Governança e estratégias

Eletrobras perto de virada histórica: acionistas votarão acordo decisivo com a União

Assembleias de abril podem selar reconciliação entre a empresa e a União, redefinindo governança e viabilizando nova estratégia corporativa.

logo Eletrobras
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  • Acionistas vão decidir se aprovam o Termo de Conciliação que encerra a disputa judicial no STF sobre o limite de voto
  • Acordo preserva o modelo de corporation, mas garante ao Governo três cadeiras no Conselho de Administração e uma no Fiscal
  • Eletrobras se desobriga de investir em Angra 3, o que abre espaço para vender sua participação na Eletronuclear e focar em energia limpa

A Eletrobras (ELET3) divulgou nesta quinta-feira (10) uma carta aberta aos seus acionistas reforçando a importância das Assembleias Geral Ordinária (AGO) e Extraordinária (AGE), marcadas para o próximo dia 29 de abril.

No centro da pauta está a votação do Termo de Conciliação firmado entre a empresa e o Governo Federal, que pode encerrar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.385 em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ação, proposta pela Advocacia-Geral da União, questiona a constitucionalidade da regra inserida no estatuto da Eletrobras após a sua privatização em 2022, que limita a 10% o poder de voto de qualquer acionista, independentemente da quantidade de ações detida.

A proposta de conciliação foi costurada nos últimos meses e representa, segundo a própria companhia, um marco para a consolidação de sua governança corporativa e para o fortalecimento da segurança jurídica da Eletrobras.

Termo de Conciliação busca encerrar disputa com o STF

O principal ponto da AGE será a aprovação do Termo de Conciliação com o Governo Federal, que busca por fim à ADI nº 7.385. A medida visa pacificar as tensões jurídicas surgidas após a privatização da Eletrobras, que transformou a empresa em uma “corporation”, modelo em que não há controle majoritário definido.

O acordo manterá o limite de 10% no poder de voto por acionista, incluindo a própria União, mas permitirá ao Governo indicar três nomes para o Conselho de Administração e um membro para o Conselho Fiscal.

A empresa destaca que a aprovação do termo confere mais estabilidade e previsibilidade à sua estrutura societária. Além disso, o fim da disputa judicial evita riscos regulatórios e reforça a governança da companhia diante do mercado e dos investidores.

Mudança fortalece governança e estratégia

A carta aberta ressalta que o acordo não implica retrocesso na privatização, mas sim um aperfeiçoamento do modelo de gestão e representatividade. Ao preservar o modelo de corporation, a Eletrobras assegura que nenhum acionista poderá assumir controle unilateral da companhia. Mas, reconhece a relevância institucional da União como acionista relevante.

O novo desenho permitirá que o Governo Federal exerça maior influência em decisões estratégicas sem romper com os princípios da empresa privada. Essa solução negociada busca equilibrar interesses públicos e privados. Podendo, assim, melhorar a interlocução da empresa com o setor energético e com os órgãos reguladores.

Empresa se desobriga de custear Angra 3

Outro ponto relevante do acordo diz respeito ao papel da Eletrobras em relação à Eletronuclear. Pelo termo proposto, a companhia elétrica se desobriga de aportar recursos ou apresentar garantias adicionais para a construção da usina nuclear Angra 3.

Essa mudança abre caminho para que a empresa venda sua participação na estatal responsável pelo programa nuclear brasileiro, medida que pode atrair novos investidores para a Eletrobras. Além de liberar recursos para projetos estratégicos em energias renováveis e modernização da rede.

A liberação desse compromisso financeiro representa alívio nos balanços da empresa, permitindo uma atuação mais eficiente e alinhada com seus objetivos pós-privatização.

Com menos encargos e mais autonomia, a Eletrobras pretende direcionar investimentos para áreas com maior retorno. Além do impacto positivo na matriz energética nacional.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.