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Eletrobras pós-privatização: Lucro dispara, investimentos decolam e PDVs remodelam estrutura

Eletrobras registra aumento de 9% na receita em 2023, alcançando R$37,1 bilhões. Investimentos crescem 60% para R$9 bilhões.

Foto: Divulgação
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  • Receita operacional líquida da Eletrobras sobe 9% em 2023, atingindo R$37,1 bilhões.
  • Investimentos da empresa saltam 60% para R$9 bilhões, maior valor desde 2015.
  • Dois PDVs resultam na saída de 2.811 funcionários até dezembro de 2023.
  • Gastos com PMSO caem 27% devido à reestruturação.
  • Investimentos em linhas de transmissão somam R$3,5 bilhões, destacando Manaus-Boa Vista e parque eólico em Coxilha Negra.
  • Primeiro balanço anual completo pós-privatização mantém União com 42,65% do capital.
  • Governo federal espera receber R$553 milhões em dividendos.
  • Questionamentos sobre privatização levantados desde governo Lula, com União questionando no STF direito de voto inferior à participação acionária.

A Eletrobras (ELET3) anunciou um lucro líquido de R$4,395 bilhões em 2023, marcando um crescimento de 21% em relação ao ano anterior, em seu primeiro resultado anual pós-privatização. Esse desempenho foi impulsionado por uma série de medidas estratégicas, incluindo cortes de custos, simplificação da estrutura administrativa e um aumento nas receitas de transmissão.

A companhia informou que vai distribuir R$1,296 bilhão em dividendos, um aumento significativo em comparação aos R$863,4 milhões pagos no ano anterior sobre o lucro de 2022, representando um aumento de 39%.

Ivan Monteiro, presidente da Eletrobras, comentou sobre os resultados, destacando o impacto positivo do novo modelo de gestão privada da empresa. Ele ressaltou o foco da companhia na redução de custos fixos e na simplificação da estrutura administrativa como elementos-chave para esse sucesso. Essas medidas têm fortalecido a posição da empresa no mercado e gerado benefícios tangíveis para seus acionistas e para a economia em geral.

Indicadores

A receita operacional líquida da Eletrobras registrou um aumento significativo de 9%, atingindo a marca de R$37,1 bilhões em 2023. Paralelamente, os investimentos da empresa deram um salto impressionante de 60%, alcançando o patamar de R$9 bilhões, representando o maior valor anual desde 2015.

De acordo com os dados apresentados pela própria Eletrobras, desde o processo de privatização, a companhia implementou dois planos de demissão voluntária (PDV), resultando na adesão de 4.066 funcionários. Destes, 2.811 já haviam deixado a empresa até dezembro do ano passado.

Essa reestruturação refletiu diretamente nos gastos com “pessoal, material, serviços e outros” (PMSO), que apresentaram uma queda expressiva de 27%, passando de R$2,488 bilhões no último trimestre de 2022 para R$1,815 bilhão nos três últimos meses de 2023. O presidente da companhia afirmou que, por enquanto, não estão previstos novos PDVs.

A Eletrobras destacou também os investimentos realizados em linhas de transmissão, totalizando R$3,5 bilhões no ano passado. Entre os principais projetos estão a linha de transmissão entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR) e o parque de geração de energia eólica de Coxilha Negra, no Rio Grande do Sul.

Este foi o primeiro balanço financeiro anual completo da Eletrobras desde sua privatização, ocorrida no governo de Jair Bolsonaro em meados de 2022, por meio de uma capitalização, mantendo, entretanto, a União com 42,65% do capital da empresa. Dessa forma, o governo federal deverá receber R$553 milhões em dividendos.

Desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, membros do novo governo do PT têm manifestado intenção de reverter em parte a privatização, à qual o partido se opôs em 2022. Desde maio do ano passado, a União tem questionado no Supremo Tribunal Federal (STF) o modelo de privatização, especialmente quanto ao direito de voto inferior à participação acionária do governo federal na companhia.