
- Prejuízo dos Correios cresce e já supera o total de 2024, com forte queda de receita e aumento de custos operacionais.
- TCU contesta balanço e ANAC monitora operações, enquanto a estatal promete mais transparência e reforço em segurança.
- Faltam materiais básicos e há atrasos em pagamentos, mas a empresa afirma executar plano de eficiência e reestruturação.
Os Correios vivem uma das piores crises de sua história recente. O prejuízo da estatal disparou, superando o resultado negativo do ano passado e revelando queda de receita e aumento de despesas. Apesar do cenário adverso, a empresa afirma manter a continuidade dos serviços e promete ações para equilibrar as contas e reduzir atrasos nas entregas.
Paralelamente, surgem relatos de falta de insumos básicos em agências e centros de distribuição, o que agrava o clima interno e pressiona o governo. Enquanto isso, a empresa garante que os pagamentos a fornecedores estão sendo feitos de forma gradual e que há reforço logístico em operação.
Rombo operacional e impacto no serviço
O rombo financeiro acumulado já ultrapassa as perdas de 2024, refletindo uma combinação de receita em queda e custos crescentes. A estatal enfrenta ainda uma forte concorrência no mercado de entregas, dominado por transportadoras privadas e plataformas digitais.
Funcionários relatam falta de materiais como papelão, fita adesiva e envelopes, além de falhas na manutenção de agências. A situação também tem gerado acúmulo de cargas em alguns centros de distribuição, dificultando o cumprimento dos prazos.
Mesmo diante do quadro, a direção afirma que está executando um plano de eficiência operacional, com revisão de contratos, otimização de rotas e operações extras aos fins de semana, para reduzir o acúmulo e estabilizar o nível de serviço.
Pressão regulatória e questionamentos do TCU
A ANAC chegou a suspender o transporte aéreo de correspondências por irregularidades no manuseio de produtos perigosos, mas a medida foi revogada após adequações operacionais. A estatal informou que cumpre integralmente as exigências da agência e reforçou o controle de segurança.
O Tribunal de Contas da União (TCU), porém, aponta irregularidades contábeis em balanços anteriores. Segundo parecer técnico, a empresa teria usado mecanismos que reduziram artificialmente o prejuízo em 2023. O órgão recomenda correções e maior transparência nos demonstrativos financeiros.
Apesar disso, os Correios afirmam que os balanços seguem as normas contábeis públicas e que acompanham com tranquilidade a análise do TCU, negando qualquer tentativa de distorcer resultados.
Caixa, pessoal e previdência complementar
Os atrasos em pagamentos a fornecedores e transportadoras terceirizadas seguem entre os principais desafios. Embora parte das pendências tenha sido quitada, há relatos de instabilidade financeira e preocupação entre trabalhadores.
O Postalis, fundo de previdência dos funcionários, também relatou atrasos no repasse de contribuições patronais, o que acendeu o alerta entre os participantes. A empresa diz estar negociando para regularizar as obrigações.
No plano interno, os Correios mantêm a reestruturação administrativa, com fechamento de unidades sobrepostas, cortes de gastos e um Plano de Demissão Voluntária (PDV). A meta é reduzir o quadro para cerca de 80 mil funcionários e economizar R$ 1,5 bilhão.