
- Petrobras recebe licença do Ibama para perfurar na Foz do Amazonas, após cinco anos de impasse.
- Operação deve durar cinco meses e faz parte de plano de investimento de US$ 3 bilhões até 2028.
- Ambientalistas alertam para riscos ecológicos e veem contradição às vésperas da COP30.
A Petrobras recebeu autorização do Ibama para iniciar a perfuração de um poço exploratório na Foz do Rio Amazonas, dentro do bloco FZA-M-059, na chamada Margem Equatorial. O aval chega após quase cinco anos de espera e forte resistência de entidades ambientais. A operação deve começar imediatamente e durar cerca de cinco meses, segundo a estatal.
A licença representa um passo decisivo para a companhia, que busca ampliar suas reservas de petróleo e gás em uma nova fronteira exploratória. No entanto, a medida ocorre a poucos dias da COP30, marcada para Belém (PA), o que reforça críticas sobre o alinhamento da política energética com as metas climáticas do país.
Petrobras avança após anos de impasse
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, classificou a licença como uma “conquista da sociedade brasileira”. Segundo ela, o processo envolveu órgãos municipais, estaduais e federais, além de consultas públicas e estudos de impacto ambiental.
Com o sinal verde, a empresa pretende perfurar 16 poços até 2028 em toda a Margem Equatorial, com investimento superior a US$ 3 bilhões. Essa região, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, é considerada estratégica para compensar o declínio natural de campos maduros na Bacia de Campos.
Apesar do otimismo da estatal, o Ibama ainda exigiu ajustes operacionais em protocolos de fauna e logística de emergência. A companhia garantiu que seguirá padrões internacionais de segurança e monitoramento ambiental durante a campanha.
Debate ambiental ganha força
A decisão reacendeu o debate sobre os riscos da exploração na foz do Amazonas, um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta. Organizações ambientais alertam para a falta de dados sobre correntes marítimas, biodiversidade e possíveis danos à costa amazônica.
Especialistas destacam que qualquer vazamento de óleo na região teria impacto severo em manguezais, recifes e comunidades ribeirinhas. Além disso, o avanço da exploração de combustíveis fósseis em plena transição energética coloca o Brasil sob escrutínio internacional, especialmente em um momento em que o país tenta se firmar como liderança climática.
Ainda assim, o governo defende que a Margem Equatorial pode coexistir com metas de sustentabilidade, desde que respeite padrões rigorosos de segurança ambiental.
Próximos passos e desafios
Nos próximos meses, a Petrobras precisará concluir a fase de perfuração exploratória e apresentar um relatório técnico sobre o potencial de petróleo na área.
Ademais, caso os resultados confirmem reservas economicamente viáveis, será necessário um novo licenciamento para a produção comercial, com exigências ambientais mais complexas.
Enquanto isso, o Ibama continuará monitorando as operações e poderá impor novas condicionantes caso sejam identificados riscos adicionais.
Por fim, analistas avaliam que o sucesso do projeto depende de controle operacional e transparência nas informações sobre o impacto ambiental.