
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda lançar um programa de tarifa zero no transporte público que pode custar até R$ 90 bilhões por ano aos cofres públicos. A iniciativa, apresentada como medida social, vem sendo tratada nos bastidores como uma das apostas do governo para fortalecer a imagem de Lula antes das eleições de 2026.
A proposta prevê que o governo federal subsidie integralmente o transporte urbano — ônibus, metrôs e trens — em parceria com estados e municípios. Apesar do potencial impacto positivo para milhões de brasileiros, o plano desperta forte preocupação no mercado por seu custo elevado e risco de desequilíbrio fiscal.
“Bomba fiscal disfarçada de política social”
O projeto está em análise no Ministério da Fazenda, que busca definir o modelo de financiamento e os critérios de adesão. A ideia é permitir que municípios que aderirem recebam compensações diretas para cobrir os custos do transporte gratuito. Segundo estimativas da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o impacto pode alcançar R$ 90 bilhões anuais.
A equipe econômica tenta conciliar a medida com a meta fiscal de 2026, o que, na prática, exigiria corte de gastos ou aumento de tributos. Fontes da Fazenda afirmam que o desenho final ainda depende de estudos sobre sustentabilidade financeira e controle de repasses.
Economistas, no entanto, classificam o plano como “bomba fiscal disfarçada de política social”, alertando para o risco de comprometer programas prioritários ou pressionar o teto de despesas.
Viés político e apelo eleitoral
A proposta surge em um momento estratégico para o governo, que tenta reverter a queda de popularidade e reforçar a narrativa de inclusão social. A gratuidade total no transporte urbano tem forte apelo junto ao eleitorado de baixa renda, especialmente nas grandes capitais.
Nos bastidores, líderes aliados avaliam que o projeto pode funcionar como “cartão de visitas” da campanha de reeleição, mas admitem que o custo fiscal deve ser o principal obstáculo. O receio é repetir o cenário de expansão de gastos sem contrapartida, que marcou gestões anteriores do PT, inclusive, tendo resultado no impeachment de Dilma, por pedalada fiscal.
O que esperar daqui pra frente
O governo pretende apresentar o relatório técnico até o fim de 2025, segundo o ministro Fernando Haddad, para que o Congresso avalie a viabilidade do projeto. Estados e municípios aguardam as regras de repasse e contrapartidas.
Se aprovado, o plano pode entrar em vigor em 2026, em plena corrida eleitoral. O mercado, porém, alerta para a falta de espaço orçamentário e teme efeitos sobre a dívida pública. A oposição promete obstruir qualquer proposta que amplie gastos em ano de eleição.
No meio do impasse, o cidadão se vê dividido entre o benefício imediato e o custo futuro de uma medida que pode virar herança fiscal pesada para o próximo governo.
Principais pontos
- Plano de tarifa zero pode custar até R$ 90 bilhões por ano.
- Governo busca viabilizar medida com apelo eleitoral e social.
- Economistas alertam para risco de rombo fiscal e impacto na dívida pública.