
- Turismo em queda: Visitas internacionais aos EUA caem quase 10%, com destaque para a forte retração dos canadenses
- Prejuízo bilionário: Boicotes e menos turistas podem gerar perdas de até US$ 90 bilhões em 2025
- Rejeição global: Críticas à política externa dos EUA afastam turistas e fortalecem concorrentes como Canadá e México
Os Estados Unidos enfrentam um declínio expressivo no turismo internacional, com impactos severos para a economia. Em março de 2025, os aeroportos americanos receberam apenas 4,5 milhões de visitantes estrangeiros, volume 9,7% inferior ao mesmo mês do ano passado.
O maior recuo ocorreu entre turistas canadenses, cujas chegadas caíram 20%, segundo dados do International Trade Administration (ITA).
A retração acontece em meio a crescentes tensões diplomáticas entre os dois países e críticas abertas do presidente Donald Trump ao Canadá. Muitos canadenses passaram a boicotar serviços e produtos americanos, como é o caso de Curtis Allen, cinegrafista que cancelou férias nos EUA.
“Não voltaremos enquanto essa postura durar. Vamos gastar nosso dinheiro em outro lugar”, declarou.
Esse novo comportamento de consumidores e turistas começa a refletir diretamente em setores como hotelaria e lazer. O Bureau de Estatísticas do Trabalho informou que as diárias de hotéis no Nordeste dos EUA caíram 11% em março, enquanto destinos turísticos registram queda acentuada na ocupação e na receita.
Boicotes e retração no turismo ameaçam PIB com perdas
O impacto econômico da redução no turismo e nos gastos com produtos americanos preocupa especialistas. Estimativas do Goldman Sachs indicam que o país pode perder até 0,3% de seu PIB em 2025, o que equivale a US$ 90 bilhões.
Empresas de aviação, aluguel de veículos e hospedagem já relatam forte desaceleração da demanda, com quedas expressivas nos preços e nos volumes de reservas.
A Bloomberg Intelligence destacou que até US$ 20 bilhões em gastos de turistas internacionais no varejo também estão em risco. Essa tendência pressiona a economia local, especialmente em regiões que dependem do turismo.
“A queda na vinda de canadenses afeta diretamente o Nordeste dos EUA, onde há uma grande dependência desses visitantes”, afirmou Omar Sharif, economista da Inflation Insights.
Projeções do ITA, que apontavam 77 milhões de turistas internacionais em 2025, próximo do recorde histórico de 2019, agora sofrem revisão. Os principais motivos incluem relatos de detenções agressivas em aeroportos e endurecimento das políticas migratórias, que deterioram a imagem internacional dos EUA.
Europa também recua e rivais ganham espaço
O cenário atual não se limita à relação com o Canadá. Europeus também têm evitado os EUA, sobretudo após relatos de turistas franceses e alemães detidos em fronteiras americanas.
Os dados sugerem um movimento mais amplo de afastamento global em relação ao país. Paralelamente, destinos como México, Canadá e países da Europa recebem turistas que antes preferiam viajar aos Estados Unidos.
Além do turismo, empresas americanas enfrentam resistência em mercados internacionais. Boicotes se intensificam em resposta a posicionamentos políticos do governo dos EUA.
Consumidores de várias nacionalidades passam a evitar produtos americanos, o que afeta diretamente as exportações.
“Levamos o dobro do tempo no supermercado para conferir se os produtos vêm dos EUA. Preferimos não comprar”, disse Allen, refletindo uma tendência crescente.
Esse movimento preocupa analistas que enxergam riscos de desequilíbrios comerciais e perda de competitividade internacional. A desvalorização da imagem dos EUA como destino turístico e fornecedor de bens e serviços amplia os desafios econômicos e diplomáticos do país.