PIB desacelera

Em ritmo decrescente? PIB desacelera no terceiro trimestre

Economia brasileira segue aquecida no terceiro trimestre de 2024, impulsionada por consumo das famílias e investimentos.

pib brasil widexl
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  • O PIB do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, mantendo a economia aquecida, mas com ritmo menor que os trimestres anteriores
  • O consumo das famílias avançou 1,5%, e os investimentos cresceram 2,1%, impulsionados pela confiança empresarial e condições de crédito favoráveis
  • Apesar do crescimento, o Banco Central pode elevar a Selic devido a riscos inflacionários, com a taxa atualmente em 11,25%

A economia brasileira cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 em comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3).

O resultado, embora em desaceleração frente aos 1,4% e 1,1% registrados no segundo e primeiro trimestres, respectivamente, reflete um cenário de resiliência econômica, mesmo diante de uma política monetária mais restritiva.

Com a taxa de expansão em linha com as expectativas do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) demonstra a força do mercado de trabalho, o aumento da renda das famílias e a estabilidade da inflação em níveis controlados como pilares do desempenho econômico.

Além disso, programas de transferência de renda e melhores condições de crédito têm dado suporte ao crescimento, que acumula alta de 3,3% no ano até setembro, frente ao mesmo período de 2023.

Consumo das famílias e investimentos sustentam o crescimento

Os dados do IBGE destacam o papel do consumo das famílias e dos investimentos no desempenho econômico do terceiro trimestre. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador de investimentos, cresceu 2,1% no trimestre, mantendo a trajetória positiva dos períodos anteriores.

Segundo Rafael Perez, economista da Suno Research, a confiança empresarial, a retomada de obras públicas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e condições de crédito favoráveis impulsionaram esse indicador.

Já o consumo das famílias avançou 1,5%, refletindo o impacto da massa salarial em alta e da política de transferências de renda. Esse crescimento consistente tem sido fundamental para sustentar a atividade econômica, especialmente em um cenário de incertezas globais.

No lado da produção, o setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB nacional, manteve o ritmo de crescimento em 0,9%. A indústria também registrou alta, embora mais modesta, de 0,6%, enquanto a agropecuária apresentou retração de 0,9%, menor que a queda de 1,3% no trimestre anterior.

Política monetária e projeções econômicas

A trajetória positiva do PIB trouxe consigo preocupações sobre pressões inflacionárias, o que levou o Banco Central (BC) a intensificar seu tom de vigilância. Atualmente, a taxa básica de juros Selic está em 11,25%, mas analistas esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte por uma elevação de 0,75 ponto percentual na reunião marcada para este mês.

Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, o impulso fiscal dos últimos dois anos, resultado do aumento de gastos do governo, tem contribuído significativamente para o crescimento. Contudo, esse mesmo impulso demanda atenção redobrada do BC para evitar um descontrole inflacionário.

O Ministério da Fazenda revisou recentemente sua projeção para o crescimento do PIB em 2024, elevando-a de 3,2% para 3,3%. Após a divulgação dos dados do terceiro trimestre, o órgão sinalizou a possibilidade de uma nova revisão para cima. Já o Banco Central atualizará suas estimativas em 19 de dezembro, com o mercado prevendo um crescimento de 3,22%, segundo a pesquisa Focus.

Panorama do comércio externo e desafios futuros

No setor externo, as exportações de bens e serviços caíram 0,6%, enquanto as importações cresceram 1,0%, pressionando o resultado geral do PIB. A desvalorização cambial não foi suficiente para estimular significativamente as vendas externas, enquanto a demanda doméstica manteve a dinâmica de crescimento das compras internacionais.

Apesar da desaceleração, o consumo, serviços e investimentos sustentam o crescimento econômico, mas desafios podem surgir com ajustes no crédito e políticas monetárias restritivas.