Vilões da inflação

Energia e café puxam alta da prévia da inflação em junho, aponta IBGE

IPCA-15 desacelera para 0,26% no mês, mas tarifas e produtos essenciais seguem pressionando o bolso do consumidor.

Energia
Crédito: Depositphotos
  • IPCA-15 sobe 0,26% em junho, com forte pressão da energia elétrica, que subiu 3,29% e teve maior impacto individual.
  • Alimentos como café moído e serviços como transporte urbano e plano de saúde também influenciaram a prévia da inflação.
  • Gasolina, arroz e tomate registraram quedas e ajudaram a amenizar os efeitos da alta em outros itens essenciais.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,26% em junho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo IBGE. Assim, apesar de indicar uma desaceleração frente à taxa de 0,44% registrada em maio, o índice continua sendo pressionado por itens essenciais, como energia elétrica, transporte urbano e alimentos.

Nesse sentido, o maior impacto individual veio da conta de luz. A energia elétrica residencial subiu 3,29% no mês, o que representou um peso de 0,13 ponto percentual no índice final. Ou seja, praticamente metade do IPCA-15 de junho veio apenas desse subitem. Desse modo, mesmo com o ritmo da inflação diminuindo, o custo de vida permanece em alta para boa parte das famílias brasileiras.

Conta de luz lidera a pressão

De acordo com o IBGE, o avanço nas tarifas de energia está ligado ao fim de subsídios temporários e a reajustes autorizados pela Aneel. Esses aumentos afetaram diretamente consumidores de diversas regiões, com maior intensidade nas capitais onde as distribuidoras aplicaram as correções.

Além da energia, o transporte urbano também pesou no orçamento. A tarifa de ônibus urbano subiu 1,39%, com impacto de 0,02 ponto percentual. Embora pareça pouco individualmente, o conjunto desses reajustes representa um custo expressivo para quem depende diariamente desses serviços.

A elevação na taxa de água e esgoto, que subiu 0,94%, e o aumento nos preços da refeição fora de casa, com alta de 0,6%, também aparecem entre os principais responsáveis pela elevação do índice. Ambos refletiram reajustes recentes de empresas concessionárias e oscilações no custo de insumos alimentares e operacionais.

Café, plano de saúde e alimentação pesam mais

Outro destaque foi o café moído, com aumento de 2,86%, impulsionado por questões climáticas que afetam a safra e pela valorização do produto no mercado internacional. Embora o impacto no IPCA-15 tenha sido de 0,02 ponto percentual, ele afeta diretamente o consumo diário da população — principalmente das classes mais baixas.

Os planos de saúde também tiveram reajustes. A alta de 0,57% reflete a aplicação dos novos tetos autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para contratos individuais e familiares. A revisão anual dos contratos empresariais também tem pressionado o segmento.

Entre os alimentos, a tendência de alta predominou em diversos produtos processados. No entanto, alguns itens deram trégua e ajudaram a conter o avanço do índice geral. Arroz, tomate e ovos registraram quedas expressivas e aliviaram parte da pressão inflacionária sobre o grupo de alimentação no domicílio.

Gasolina, arroz e tomate aliviam a alta

Na contramão da maioria dos itens, a gasolina caiu 0,52%, o que significou uma contribuição negativa de -0,03 ponto percentual no índice. Essa foi a principal influência de queda do mês. Mesmo pequena, ajuda a compensar parte dos aumentos em outros setores.

Além do combustível, o arroz teve retração de 3,44%. Essa redução é consequência do comportamento dos preços no campo e da diminuição temporária da demanda em algumas regiões. Já o tomate caiu 7,24%, enquanto o ovo de galinha teve baixa de 6,95%, o que também colaborou para conter o avanço da inflação de alimentos.

No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 registra alta de 4,06%, ainda dentro da meta do Banco Central, mas longe de um cenário confortável para o consumidor. A autoridade monetária segue acompanhando o comportamento dos preços para definir os próximos passos da política de juros.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.