
O BTG Pactual (BPAC11) acelera sua estratégia internacional e prepara uma ofensiva decisiva no mercado norte-americano. Após a aquisição do banco M.Y. Safra, a instituição pretende renomeá-lo como BTG Pactual US e expandir a oferta de produtos financeiros voltados a brasileiros e latino-americanos residentes nos Estados Unidos.
A decisão acontece em um contexto delicado: enquanto Brasília e Washington travam uma disputa comercial e diplomática, o banco vê no fortalecimento de suas operações externas uma forma de blindar clientes e negócios diante de possíveis turbulências.
BTG Pactual US: expansão e novos serviços
O processo de transformação do M.Y. Safra em BTG Pactual US deve ser concluído ainda este ano, mediante aprovação regulatória. Com a mudança, o banco poderá captar recursos por meio de certificados de depósito e oferecer serviços tradicionais como contas correntes, poupança, cartões de crédito e financiamento imobiliário.
Além disso, a instituição já avançou em sua plataforma internacional desde 2023, permitindo acesso a ações, ETFs, fundos imobiliários e renda fixa nos EUA. Mais recentemente, as transferências entre contas brasileiras e americanas passaram a ser instantâneas, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, em um movimento que moderniza a experiência do cliente.
O escritório de Miami, que em 2015 contava com apenas 30 funcionários, hoje soma cerca de 120 colaboradores. A cidade se consolidou como polo estratégico, e a ida de Rogério Karp, head do BTG Digital, para liderar a operação reforça o peso dessa frente.
O pano de fundo diplomático
Enquanto o BTG avança, a relação entre Brasil e Estados Unidos vive um dos períodos mais tensos da última década. Em julho, o governo norte-americano impôs tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras, atingindo produtos como café, carne e suco de laranja. O Planalto reagiu com queixa formal à OMC e uma lei de reciprocidade comercial.
A crise se agravou com a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. A sanção, inédita para uma autoridade de alto escalão brasileiro, congelou ativos em território norte-americano e suspendeu vistos de familiares. A medida foi duramente criticada por organizações internacionais, que apontaram uso político da legislação.
Apesar das tensões, especialistas avaliam que o risco de bancos brasileiros sofrerem sanções ainda é baixo, mas o alerta vermelho no setor financeiro permanece ligado.
Estratégia de blindagem
Para analistas, a ofensiva global do BTG tem dupla função: ampliar receitas com clientes internacionais e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência das regras locais em um ambiente de crescente incerteza geopolítica.
A iniciativa também sinaliza ao mercado que o banco aposta no fortalecimento de sua presença no hemisfério norte, onde pode oferecer mais segurança e agilidade para clientes que buscam diversificação patrimonial.
América Latina
Além dos Estados Unidos, o BTG estuda abrir contas para clientes do Chile e Uruguai, países onde já possui operações robustas, e prepara entrada no Peru. Assim, mesmo em meio ao cenário turbulento, o banco se consolida como protagonista regional com ambições globais.
Pontos principais
- BTG prepara renomeação do banco M.Y. Safra para BTG Pactual US ainda em 2025
- Expansão ocorre em meio a crise diplomática Brasil–EUA e aplicação da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras
- Estratégia busca blindar clientes e fortalecer presença global diante das incertezas políticas