Tensão no ar

Entenda como o voto de Moraes à condenação de Bolsonaro pode incendiar a relação com os EUA

Moraes enquadra ex-presidente como chefe de organização criminosa e julgamento entra na reta final com reflexos que podem ultrapassar fronteiras.

Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
  • Moraes vota por condenar Bolsonaro e classifica sua atuação como de chefe de organização criminosa.
  • Julgamento pode terminar nesta semana com maioria simples da 1ª Turma.
  • Decisão pode ter impacto além das fronteiras, em meio às sanções e pressões dos EUA.

O julgamento que pode mudar o rumo da política brasileira ganhou novo peso nesta terça-feira (9). O ministro Alexandre de Moraes, do STF, votou pela condenação de Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado em 2022. O relator rejeitou todos os pedidos da defesa, enquadrou o ex-presidente como líder de uma organização criminosa e listou 13 atos concretos que, segundo ele, sustentam a acusação.

A votação começou na 1ª Turma e segue a ordem de antiguidade: após Moraes, votam Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Como a decisão depende de maioria simples, bastam três votos para selar a condenação.

O peso do voto de Moraes

O relator estruturou o voto em três camadas. Primeiro, derrubou as preliminares, mantendo a validade da delação de Mauro Cid, que afirmou que Bolsonaro recebeu, leu e editou a minuta golpista.

Depois, destacou reuniões ministeriais e o uso da PRF no 2º turno de 2022, apontando tentativa deliberada de impedir eleitores de votar.

Por fim, incluiu a chamada “ABIN paralela”, discursos de 7 de Setembro e a escalada até os ataques de 8 de Janeiro, como provas de atos executórios.

Desse modo, na avaliação de Moraes, não se trata de hipótese, mas de uma ação organizada e hierarquizada, “com divisão de tarefas”, que teria operado de 2021 até 2023. Para ele, Bolsonaro não foi mero participante, mas o comandante do plano.

O que vem agora e impacto internacional

Com o voto de Moraes, cresce a expectativa de que o julgamento seja concluído ainda nesta semana.

Nesse sentido, uma condenação abriria espaço para novas frentes de investigação e reforçaria o entendimento de que houve um núcleo estruturado atuando contra a ordem democrática.

Ademais, no plano externo, a repercussão pode ser imediata. Afinal, os Estados Unidos já aplicaram sanções da Lei Magnitsky contra Moraes e sinalizaram que podem ampliar medidas.

Por fim, a tensão diplomática deve aumentar se o STF consolidar a condenação de Bolsonaro, ampliando a pressão sobre o governo brasileiro em um momento delicado de relações internacionais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.