ESG: Braskem quer se tornar uma "empresa verde"

A Braskem (BRKM5), em meio a uma disputa pelo seu controle e à necessidade de transição energética para insumos menos poluentes, está se preparando para aumentar a oferta dos chamados “produtos circulares”, cujas matérias-primas são de origem renovável ou reciclada. A petroquímica concluiu recentemente um aumento de 30% da capacidade de sua planta de biopolímeros em Triunfo, no Rio Grande do Sul. Os planos são ambiciosos, com a empresa visando que quase 25% do seu portfólio até 2030 seja composto por materiais circulares.

O vice-presidente de Olefinas e Poliolefinas da Braskem para Europa e Ásia, Walmir Soller, explicou em entrevista à Bloomberg Línea que as principais oportunidades de crescimento identificadas pela empresa advêm dos biopolímeros e da reciclagem. A expansão da capacidade de produção do eteno “verde”, obtido a partir de etanol de cana-de-açúcar, exigiu um investimento de US$ 87 milhões. A partir do eteno, a petroquímica produz polietileno, utilizado em diversas aplicações como embalagens, utilidades domésticas e brinquedos, entre outros.

A planta de Triunfo, que opera atualmente com capacidade de 260 mil toneladas, tem como meta atingir um milhão de toneladas de biopolímeros até 2030. Para alcançar essa meta, a empresa está considerando a construção de novas plantas industriais fora do Brasil, incluindo uma unidade produtiva na Tailândia com capacidade para 200 mil toneladas de biopolímeros. O investimento nesse projeto está previsto para ser aprovado no próximo ano. Além disso, a Braskem também estuda a instalação de uma planta de produção de polipropileno de origem biológica nos Estados Unidos, com foco nos setores automotivo e de utilidades domésticas.

A preocupação com a sustentabilidade tem impulsionado a demanda por alternativas mais amigáveis ao meio ambiente, e os bioplásticos surgem como uma solução promissora para substituir os polímeros tradicionais. Estima-se que o mercado global de bioplásticos e biopolímeros alcance US$ 17,1 bilhões até 2025, com a Europa liderando esse movimento e a China apresentando o crescimento mais rápido.

Enquanto a Braskem avança com seus investimentos em produção sustentável, a empresa enfrenta uma disputa pelo controle acionário e discussões sobre indenização em Alagoas. Três propostas de compra estão na mesa, e a empresa já firmou um acordo com o município de Maceió para o pagamento de R$ 1,7 bilhão referente ao afundamento do solo causado por projetos da companhia. Entretanto, ainda existem discussões pendentes com o Estado de Alagoas, que podem totalizar aproximadamente R$ 1,1 bilhão.