A Dexco (DEXP3), dona das marcas Duratex, Deca e Hydra, pode estar sendo subestimada pelo mercado. Com a ação negociando a 5x o EBITDA estimado para este ano, alguns gestores e analistas acham que a empresa ficou barata demais para ignorar. “É um negócio que está negociando a um múltiplo de empresa de commodity, mas que tinha que ‘tradar’ como empresa de consumo, porque ela tem marca e um posicionamento muito forte”, disse um gestor comprado no papel. “A parte de madeira até achamos justo negociar a 5x EBITDA. Mas a parte de louças e cerâmicas deveria valer 10x EBITDA”.
Embora a companhia tenha tido resultados desapontadores recentemente, com queda nas receitas nas divisões Deca e Revestimentos, algumas mudanças no management têm sido vistas com bons olhos pelo mercado. Além disso, a Dexco é dona de 49% da fábrica de celulose solúvel LD Celulose, em joint venture com a austríaca Leipzig, que começou a operar em abril do ano passado e deve gerar R$ 450 milhões de EBITDA para a Dexco este ano, segundo estimativas de um gestor.
A expectativa é que a LD tenha um net present value (NPV) de R$ 4,6 bilhões, o que permitiria que a Dexco capturasse R$ 2,3 bi desse valor, quase metade do market cap inteiro da companhia, de R$ 4,7 bi. A LD também vai permitir que a Dexco, que hoje vende seus produtos majoritariamente no mercado interno, passe a ter parte de sua receita dolarizada.
Apesar do valuation atrativo, o cenário para a empresa no curto prazo deve ser árduo, já que a construção civil, principal cliente da Dexco, é um dos setores pagando o pato da piora do cenário macroeconômico, o que atinge em cheio a demanda pelos painéis de madeira, louças sanitárias e cerâmicas da empresa. Além disso, a Dexco está no meio de um ciclo muito grande de investimentos, que deve consumir praticamente todo o EBITDA anual da companhia, e a projeção de analistas é que a empresa queime R$ 600-800 milhões este ano, o que também deve afetar sua alavancagem.
Fundada em 1951, a Dexco é controlada pela Itaúsa (com 40% do capital) e pelos irmãos Helio e Salo Seibel, que têm 20%. A companhia tem participação na Caetex, uma floresta de 13 mil hectares de eucaliptos em Alagoas controlada em parceria com a Usina Caeté, e é dona de 19 fábricas, três delas na Colômbia, e de cinco unidades florestais.