
- O banco elevou sua projeção de probabilidade de recessão nos próximos 12 meses de 20% para 35%, citando as novas tarifas comerciais propostas por Donald Trump
- A revisão reflete preocupações com políticas mais rígidas, como aumento de tarifas, restrições à imigração e cortes nos gastos públicos
- O anúncio das tarifas, previsto para 2 de abril, pode intensificar o protecionismo e afetar o crescimento econômico dos EUA
A Goldman Sachs elevou suas projeções sobre o risco de recessão nos Estados Unidos diante das novas tarifas comerciais que o presidente Donald Trump pretende anunciar em 2 de abril, no chamado “Dia da Libertação”.
O banco agora estima uma probabilidade de 35% de retração econômica nos próximos 12 meses, acima dos 20% calculados anteriormente. A revisão reflete o impacto da escalada protecionista, a política de imigração mais rígida e os cortes nos gastos públicos.
Tarifas comerciais impulsionam risco de recessão
A Casa Branca deve oficializar tarifas recíprocas sobre todas as importações americanas, o que pode aproximar a política comercial dos EUA à de países historicamente protecionistas, como Brasil e Índia.
A Goldman Sachs estima que a média ponderada das novas taxas será de 15%, embora algumas mercadorias e países possam receber isenções parciais.
Essa guinada protecionista eleva a preocupação com o crescimento econômico. O banco reduziu a projeção de avanço do PIB dos EUA para apenas 1% em 2024, refletindo o efeito negativo das tarifas, da restrição à imigração e dos cortes no orçamento federal.
Segundo os analistas, essas políticas já subtraíram 1,2 ponto percentual do crescimento esperado para o ano.
Inflação acima da meta pressiona Federal Reserve
A expectativa para a inflação também foi revisada para cima. O índice PCE, métrica preferida do Federal Reserve, deve encerrar o ano em 3,5%, acima dos 3% projetados anteriormente e muito além da meta de 2%.
Esse aumento da inflação complica a condução da política monetária, pois mantém a pressão sobre os juros enquanto a economia desacelera.
Apesar disso, a Goldman Sachs acredita que a recessão iminente forçará o Fed a cortar as taxas de juros três vezes ao longo do ano, com reduções previstas para julho, setembro e novembro. Esses cortes visam mitigar os efeitos da desaceleração econômica, mas podem não ser suficientes para evitar uma retração mais severa.
Impacto no mercado financeiro
A deterioração do cenário econômico levou a Goldman Sachs a revisar suas projeções para o mercado de ações. O banco agora espera que o índice S&P 500 caia 5% nos próximos três meses, uma perspectiva bem diferente da estabilidade projetada anteriormente.
Para os próximos 12 meses, a estimativa de alta do índice foi reduzida de 16% para 6%, com uma projeção de 5.900 pontos.
O aumento das incertezas econômicas adiciona volatilidade aos mercados, reforçando a necessidade de ajustes na política econômica para evitar um cenário de recessão prolongada. Com a adoção de novas tarifas e uma política fiscal mais restritiva, os desafios para a economia americana devem se intensificar nos próximos meses.