- A Colômbia aceitou receber voos com imigrantes deportados dos EUA, após semanas de tensões
- Em troca da aceitação dos deportados, Washington suspendeu ameaças de tarifas sobre produtos colombianos, mas manteve restrições a vistos para autoridades colombianas
- O presidente colombiano, Gustavo Petro, insistiu que a Colômbia só aceitaria os voos após garantias de tratamento digno para os deportados, criticando a abordagem dos EUA em vídeos nas redes sociais
A Casa Branca celebrou, neste domingo (26), uma vitória diplomática ao anunciar que a Colômbia aceitou finalmente os voos com imigrantes deportados pelos Estados Unidos.
O acordo encerra semanas de tensões entre os dois países, que envolviam o bloqueio de entrada de aeronaves militares americanas em Bogotá e um impasse sobre as condições de tratamento dos deportados.
A disputa começou após o presidente colombiano, Gustavo Petro, proibir o desembarque de imigrantes colombianos em seu país, caso os Estados Unidos não garantissem um “tratamento digno” aos deportados.
Em resposta, o governo dos EUA, por meio de sua secretária de imprensa, Karoline Leavitt, confirmou que a Colômbia aceitou todos os termos impostos pelo presidente Donald Trump. Entre eles, destaca-se a aceitação irrestrita dos deportados em voos militares americanos, sem limitações ou atrasos.
Tarifas de importação
A diplomacia dos EUA anunciou que, se o acordo fosse cumprido, suspenderia as tarifas sobre importações colombianas, que inicialmente seriam de 25% e poderiam chegar a 50% em uma semana.
Trump manteve algumas restrições, como a limitação de vistos para autoridades colombianas. Além de inspeções mais rigorosas sobre produtos colombianos, até que o primeiro voo de deportados fosse realizado com sucesso.
Apesar do acordo, o presidente Gustavo Petro manteve sua postura firme quanto ao tratamento dos imigrantes. Petro reiterou que bloqueou os voos devido ao tratamento desumano dado aos imigrantes deportados.
Dignidade
Petro postou nas redes sociais imagens de deportados colombianos algemados em um aeroporto no Brasil. Dessa forma, destacando que todos os imigrantes devem ser tratados com dignidade.
“Os imigrantes são seres humanos e devem ser tratados com respeito. A Colômbia não aceitará voos até que isso seja garantido”, afirmou Petro em postagem nas redes sociais.
Mesmo com a declaração da Casa Branca sobre a vitória diplomática, a situação permanece instável e o governo colombiano sinalizou que tomaria medidas retaliatórias. Ainda, como o aumento de tarifas sobre produtos dos EUA, até que o acordo fosse implementado de forma a garantir a dignidade dos deportados.
Além disso, o governo dos EUA já havia suspendido a emissão de vistos na embaixada americana na Colômbia, uma ação que visava pressionar o governo de Bogotá a aceitar os voos.
De acordo com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, a suspensão dos vistos permaneceria em vigor até que a Colômbia demonstrasse o cumprimento total do acordo.
O impasse diplomático também reflete a complexa relação entre os dois países. Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Colômbia, e as forças militares americanas têm cooperado estreitamente com o país latino-americano na luta contra cartéis de narcotráfico e guerrilhas há várias décadas.
No entanto, o episódio recente revelou as tensões subjacentes, com o governo colombiano se distanciando das políticas de imigração dos EUA. E, dessa forma, reivindicando maior respeito pelos direitos humanos dos imigrantes.
Relações comerciais
O futuro das relações comerciais e diplomáticas entre os dois países agora depende do cumprimento das condições do acordo, e a situação será acompanhada de perto.
A questão dos imigrantes deportados continua a ser um ponto sensível, e tanto Washington quanto Bogotá terão de equilibrar suas prioridades econômicas e humanitárias nos próximos meses.