
- EUA revogaram o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, em nova rodada de sanções.
- Messias chamou a medida de injusta e disse que seguirá no cargo sem receios.
- Lei Magnitsky já havia atingido Alexandre de Moraes, outros ministros do STF e o procurador-geral Paulo Gonet.
O governo dos Estados Unidos revogou nesta segunda-feira (22) o visto de entrada do advogado-geral da União, Jorge Messias, em mais um capítulo da escalada de tensões diplomáticas entre Washington e Brasília. A agência Reuters revelou a decisão, que o próprio ministro confirmou em nota oficial.
A medida faz parte de uma série de sanções impostas pelo governo de Donald Trump contra autoridades brasileiras, ampliando os efeitos da Lei Magnitsky, instrumento legal americano que pune estrangeiros acusados de violações de direitos humanos.
Messias reage à decisão dos EUA
Após a divulgação da notícia, Jorge Messias classificou a decisão como “injusta” e declarou que ela fere a tradição de relações diplomáticas e econômicas mantidas entre os dois países há mais de dois séculos. Segundo ele, a medida não altera sua atuação no comando da AGU.
“Reafirmo meu integral compromisso com a independência constitucional do nosso Sistema de Justiça e recebo sem receios a medida especificamente contra mim dirigida”, afirmou Messias. O ministro destacou ainda que seguirá desempenhando suas funções em nome e em favor do povo brasileiro.

Portanto, a revogação de seu visto ocorre no mesmo dia em que Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, também foi incluída na lista de sanções com base na Lei Magnitsky.
Alvos da Lei Magnitsky
Além de Messias, outros ministros do STF já haviam sido atingidos pela legislação americana. Estão na lista Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também sofreu impacto.
De acordo com fontes do governo federal, três ministros não tiveram seus vistos suspensos: André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux. Além disso, a diferenciação, segundo analistas, mostra uma tentativa de Washington de manter interlocutores no Judiciário brasileiro.
Desse modo, o endurecimento da postura americana coincide com o avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde por sua suposta liderança nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Relação Brasil–EUA sob pressão
A decisão dos EUA ocorre em um momento em que a tensão diplomática já havia crescido após sanções contra o Instituto Magnitsky e familiares de ministros do STF. Brasília enxerga a ofensiva como uma tentativa de pressionar diretamente a Corte e o governo brasileiro.
Ademais,segundo interlocutores no Planalto, o governo Lula acompanha com atenção a escalada e busca evitar que a crise afete negociações comerciais. O Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Enquanto isso, em Washington, integrantes da administração Trump defendem sanções adicionais contra autoridades brasileiras, com o argumento de “proteger a democracia”.