
- EUA zeraram tarifas para café, cacau, frutas tropicais e especiarias, mas só para países “alinhados”
- Brasil ainda precisa negociar o status e corre risco de perder espaço para concorrentes latino-americanos
- A decisão pode mexer diretamente com margens, receitas e valuation de empresas agrícolas na B3
O governo dos Estados Unidos publicou em 5 de setembro uma ordem executiva que amplia a lista de produtos com tarifa zero para parceiros considerados “alinhados”. Café, cacau, frutas tropicais, chás e especiarias estão no pacote, mas o Brasil ainda não tem o selo de acesso automático.
Na prática, exportadores brasileiros seguem sujeitos às tarifas atuais até que um acordo bilateral seja fechado. Isso acende alerta entre produtores e investidores: se Brasília demorar na negociação, concorrentes regionais podem ocupar rapidamente o espaço aberto pelo mercado americano.
O que mudou com a ordem executiva
A medida entrou em vigor no último dia 8 e define que países alinhados terão isenção de tarifas sobre itens que os EUA não produzem em escala suficiente. Entre eles, café, cacau, banana, manga, mamão, abacate, chá verde e preto, além de especiarias como cravo, canela e cardamomo.
O benefício é visto como uma vitória da indústria alimentícia americana, que pressionava por insumos mais baratos para conter custos ao consumidor. Companhias como PepsiCo e Mondelez estavam entre as mais ativas nesse lobby.
O dilema do Brasil
Sem reconhecimento automático, o Brasil precisa negociar diretamente com Washington para garantir a isenção. O risco é perder competitividade para países vizinhos como Colômbia, Peru e Equador, que já sinalizaram interesse em avançar mais rápido nessas tratativas.
Enquanto a União Europeia e o Japão já conseguiram status de alinhados, Brasília ainda avalia sua estratégia diplomática. Exportadores brasileiros de café e cacau observam com apreensão o avanço dos concorrentes.
O que está em jogo para o investidor
Se o Brasil garantir o selo de alinhado, produtores nacionais podem ganhar competitividade imediata, ampliando margens e reforçando o caixa de empresas ligadas a commodities agrícolas.
Por outro lado, se a negociação emperrar, a fatia de mercado pode migrar para vizinhos, pressionando preços internos e reduzindo o potencial de receita das exportadoras brasileiras listadas na B3.