
A Argentina ganhou um respiro após o governo de Donald Trump anunciar apoio direto ao plano econômico de Javier Milei. O movimento fez disparar os ativos argentinos e trouxe otimismo momentâneo ao mercado.
O pacote de suporte, que inclui medidas de emergência como linhas de swap e compra de títulos, reforça a parceria estratégica entre Washington e Buenos Aires, mas não elimina os obstáculos estruturais da economia local.
O socorro americano
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a Argentina é um “aliado sistemicamente importante” para a América Latina. A declaração veio acompanhada de sinais claros de que Washington pretende usar seu poder financeiro para sustentar o governo Milei.
Entre as medidas estudadas estão a compra de títulos argentinos em dólares e a abertura de linhas de crédito emergenciais. O objetivo imediato é reforçar as reservas internacionais e segurar a pressão sobre o peso.
O anúncio foi suficiente para provocar um rali nos mercados: o ETF da bolsa de Buenos Aires subiu 7% em dólares, enquanto os títulos soberanos dispararam mais de 20% em um único pregão.
O desafio das reformas
Apesar da euforia inicial, Milei ainda enfrenta um cenário interno instável. A derrota nas eleições provinciais de Buenos Aires expôs fragilidades políticas que podem atrapalhar sua agenda liberal.
A proximidade das eleições legislativas de outubro é outro fator de risco. Caso o governo não consiga ampliar sua base de apoio, as reformas fiscais e trabalhistas podem travar no Congresso.
Especialistas alertam que o alívio do mercado não será duradouro sem disciplina fiscal e avanços consistentes. A confiança dos investidores depende da capacidade do governo de transformar promessas em resultados concretos.
Reservas no vermelho
O Banco Central argentino continua gastando pesado para defender a banda cambial. Mesmo assim, as reservas líquidas seguem negativas, deixando o país vulnerável a ataques especulativos e choques externos.
A suspensão temporária das tarifas de exportação de grãos ajudou a melhorar a balança comercial, mas não resolve o problema estrutural. O país precisa de dólares novos e de credibilidade política para reduzir sua dependência de intervenções.
Se o apoio dos EUA garantir apenas tempo, mas não reformas profundas, o risco é que o alívio seja passageiro e a crise volte ainda mais forte.
Principais pontos:
- EUA injetam confiança e elevam ativos argentinos em resposta ao plano de Trump
- Milei depende de reformas e apoio político para sustentar a recuperação
- Reservas negativas continuam sendo o maior risco para a estabilidade do país