Blefe de Trump

EUA sinalizam possível adiamento em tarifa de 50% contra Brasil

O tarifaço está programado para entrar em vigor no dia 1º de agosto, mas representante da embaixada afirma que o prazo ainda pode ser reavaliado

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O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, sinalizou que há margem para negociar o início da tarifa de 50% imposta por Washington a produtos brasileiros — medida que tem sido interpretada como uma retaliação política do presidente Donald Trump. O tarifaço está programado para entrar em vigor no dia 1º de agosto, mas, segundo Escobar, o prazo ainda pode ser reavaliado.

A indicação foi dada durante uma reunião realizada na última quarta-feira (16) com o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo Lula no Congresso. De acordo com informações obtidas pelo jornal O Globo, o diplomata americano reconheceu a possibilidade de postergar a implementação da medida, o que abre espaço para uma saída diplomática em meio ao recrudescimento das relações bilaterais.

Randolfe: “Eduardo não representa o Congresso”

Durante o encontro, Randolfe fez questão de separar a atuação do Parlamento brasileiro da narrativa promovida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro nos EUA.

Segundo ele, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está em viagem aos EUA, “não representa o Congresso Nacional”.

O senador ainda reforçou que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), repudiam os ataques às instituições brasileiras feitos por Eduardo — ataques esses que, segundo o governo, podem ter inflamado a postura de Trump contra o Brasil.

A reunião durou cerca de 40 minutos e faz parte de uma série de gestos do governo Lula para reconstruir canais de diálogo com a atual administração americana e evitar que a retaliação comercial afunde a relação entre os países.

Planalto aposta em diplomacia e pressão institucional

A estratégia do Palácio do Planalto passa por três frentes: diplomacia direta com Washington, articulação legislativa em Brasília e envolvimento do setor produtivo.

Além da conversa com Escobar, há planos para uma missão oficial do Senado aos EUA, com o objetivo de reforçar institucionalmente o compromisso do Brasil com a democracia e os tratados comerciais.

Paralelamente, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), tradicionalmente aliada do bolsonarismo, também tem se mostrado preocupada com os efeitos econômicos do tarifaço.

Parlamentares do grupo articulam um pedido formal ao governo americano por moderação, temendo prejuízos diretos ao agronegócio e à balança comercial.

Tarifaço ainda é ameaça real, mas pressão política cresceu

Anunciada por Donald Trump na semana passada, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é vista por analistas internacionais como uma retaliação política travestida de medida econômica.

A justificativa oficial — de que o Brasil persegue politicamente Jair Bolsonaro — tem pouca sustentação nos canais diplomáticos tradicionais, mas encontrou eco entre apoiadores trumpistas.

Com informações de O Globo.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.