
- Ex-CFO da Ambipar pede apreensão de documentos para produzir provas.
- Ação acusa falhas de governança e questiona o FIDC de R$ 1,8 bi.
- Bradesco anexou carta de demissão de Arruda em processos contra executivos.
O ex-diretor financeiro da Ambipar (AMBP3), João Arruda, entrou com uma ação de busca e apreensão de documentos contra a companhia. Ele afirma que a empresa tenta transformá-lo em bode expiatório e que precisa preservar provas para ações cíveis e criminais.
Arruda protocolou a ação na quinta-feira (23) e alega que a Ambipar omitiu informações sobre operações financeiras. Segundo ele, o passivo da empresa já supera R$ 10 bilhões.
Ação foca falhas de governança
Na petição, Arruda diz que decisões estratégicas seguiam comando do fundador Tércio Borlenghi e de diretores próximos. Ele acrescenta que frequentou poucas reuniões com bancos e credores, apesar de sua função financeira.
Além disso, relata exclusão no fluxo de informação que prejudicou o acompanhamento do caixa. Por isso, pede acesso imediato a documentos internos para preservar evidências e antecipar provas.
Por isso, Arruda busca demonstrar que não assinou operações que a Ambipar hoje cita como gatilho da crise. Ele quer que os autos mostrem quem de fato tomou essas decisões.
Questionamento sobre o FIDC e o caixa
Arruda questiona a gestão do FIDC de R$ 1,8 bi e afirma que o fundo pode ter inflado artificialmente o balanço. Ele afirma que parte dos R$ 4,7 bilhões divulgados vinha de operações sem liquidez efetiva.
No entanto, o ex-CFO sustenta que só descobriu detalhes do FIDC durante a auditoria que contratou à Deloitte. Assim, ele responsabiliza a gestão por omissões que prejudicaram os controles internos.
Além disso, Arruda diz que não assinou o aditivo com o Deutsche Bank, operação que a empresa aponta como aceleradora do vencimento cruzado das dívidas. Ele requer documentos que comprovem sua não participação.
Repercussão jurídica e mercado
O Bradesco (BBDC4) anexou a carta de demissão de Arruda em ações nas quais busca responsabilizar executivos pela insolvência da Ambipar. O banco sustenta que documentos indicam falhas na gestão.
Além disso, o processo com o Deutsche ganhou destaque em petições e gerou questionamentos sobre comunicação ao mercado. A disputa reforça a necessidade de esclarecimento sobre quem controlava o caixa.
Entretanto, a CVM já recebeu relatos sobre o caso e ainda analisa possíveis medidas. Procuradas, Ambipar, Bradesco e Arruda não comentaram até o fechamento.