A Hut 8 Corp., uma das maiores e mais conhecidas empresas de mineração de criptoativos da região, anunciou uma parceria estratégica com Eric Trump, filho do presidente Donald Trump. Juntos, eles estão lançando a American Bitcoin Corp., uma nova empresa com um objetivo claro: dominar a mineração de Bitcoin em larga escala e construir uma reserva estratégica significativa da principal criptomoeda do mundo.
Essa iniciativa não surgiu do nada. Ela vem logo após a Hut 8 ter contribuído com a maior parte de seus ASIC miners – equipamentos superpotentes e especializados para mineração – para a American Data Centers, Inc., uma companhia que já contava com o apoio de Eric Trump e seu irmão, Donald Trump Jr. Agora, essa mesma American Data Centers foi oficialmente rebatizada e reestruturada para se tornar a American Bitcoin Corp., marcando um novo capítulo nessa colaboração.
Na nova estrutura, a Hut 8 manterá uma participação majoritária de 80% na American Bitcoin Corp. Isso significa que, apesar do nome e da presença de Trump, a Hut 8 continua sendo a principal controladora. Além disso, a Hut 8 atuará como a parceira exclusiva de infraestrutura e operações da nova empresa. Na prática, isso quer dizer que a Hut 8 vai cuidar de toda a parte técnica e operacional da mineração, garantindo que tudo funcione perfeitamente.
Essa divisão de tarefas é vista como vantajosa para ambos os lados. Para a Hut 8, a parceria permite gerar fluxos de receita estáveis e de longo prazo através de acordos de “colocation” (aluguel de espaço e infraestrutura para os equipamentos de mineração) e serviços gerenciados. Basicamente, a Hut 8 ganha dinheiro fornecendo a estrutura e o know-how. Por outro lado, a American Bitcoin Corp. pode se concentrar totalmente na sua missão principal: expandir as operações de mineração e acumular uma quantidade significativa de Bitcoin (BTC) em suas reservas.
A liderança da nova American Bitcoin Corp. também já foi definida e conta com nomes experientes. Mike Ho assume como Presidente Executivo (Executive Chairman), Matt Prusak será o CEO (Chief Executive Officer), e Eric Trump ocupará a posição de Estrategista Chefe (Chief Strategy Officer). O Conselho de Administração (Board of Directors) incluirá o CEO da Hut 8, Asher Genoot, além de Justin Mateen (um dos cofundadores do Tinder) e Michael Broukhim. Essa composição busca unir expertise em mineração, estratégia de negócios e conexões no mercado.
Um ponto interessante dessa estrutura é que ela permite que a American Bitcoin Corp. levante seu próprio capital de forma independente da Hut 8. Isso dá mais flexibilidade financeira para ambas as companhias buscarem investimentos e financiarem seus planos de crescimento sem dependerem uma da outra diretamente, otimizando a eficiência financeira.
Eric Trump comentou sobre a nova empreitada, destacando a “excelência operacional da Hut 8” e a “paixão compartilhada da equipe pelo Bitcoin e DeFi (Finanças Descentralizadas)”. Segundo ele, esses fatores fortalecerão a base da American Bitcoin Corp. e impulsionarão um crescimento significativo no futuro.
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A Família Trump e o Mundo Cripto
Essa parceria não é um caso isolado e se alinha com a postura cada vez mais amigável da família Trump em relação às criptomoedas. Donald Trump, durante sua pré-campanha, chegou a afirmar que pretende tornar os Estados Unidos a “capital mundial das criptomoedas”. Além da American Bitcoin Corp., a família já esteve envolvida em outras iniciativas no setor, como a World Liberty Financial (WLF), criada para apoiar a indústria.
Relatos indicam que a WLF já comprou pelo menos US$ 85 milhões em criptomoedas desde sua criação no ano passado. A empresa também revelou planos de lançar sua própria stablecoin (uma criptomoeda com valor atrelado a uma moeda tradicional, como o dólar) em breve, o que a colocaria em competição direta com gigantes como Tether (USDT), Circle (USDC) e até mesmo a futura RLUSD da Ripple.
O próprio Eric Trump já expressou publicamente seu otimismo em relação ao Bitcoin e às criptomoedas em diversas ocasiões. Recentemente, ele também foi nomeado para o Conselho Estratégico de Consultores da Metaplanet, outra empresa com investimentos em Bitcoin, buscando fortalecer a posição da companhia no mercado.
EUA Lideram a Mineração Global, Mas Enfrentam Desafios
Enquanto a American Bitcoin Corp. se prepara para entrar em campo, o cenário da mineração de Bitcoin nos Estados Unidos continua aquecido. Os EUA se consolidaram como o líder global na mineração de Bitcoin. Em 2024, o país foi responsável por cerca de 37,84% do “hash rate” total – uma medida do poder computacional dedicado à rede Bitcoin – com projeções indicando que ultrapassaria 40% até o final do ano.
A indústria de mineração tem um impacto econômico relevante, tendo contribuído com cerca de US$ 4,14 bilhões para a economia dos EUA. O estado do Texas se destaca como o principal polo de crescimento, gerando sozinho 40% da receita nacional de mineração, graças a regulações favoráveis e abundância de fontes de energia.
No entanto, nem tudo são flores. O setor de mineração de Bitcoin enfrenta desafios significativos. O principal deles é o alto consumo de energia. Estima-se que a indústria de mineração nos EUA consuma cerca de 160 terawatt-horas (TWh) de eletricidade anualmente, o que representa aproximadamente 2% do consumo total de energia do mundo. Esse consumo elevado levanta preocupações ambientais e atrai o escrutínio de reguladores, que buscam entender e mitigar os impactos da atividade. A busca por fontes de energia mais limpas e eficientes é uma constante para as empresas do setor que querem garantir sua sustentabilidade a longo prazo.
