
- Fazenda projeta dívida pública em 80,3% do PIB em 2025, ante 81,9% anteriormente.
- Crescimento do PIB, controle da inflação e medidas fiscais explicam a melhora na projeção.
- Mercado reage bem, mas alerta que cenário ainda exige disciplina fiscal e estabilidade política.
O Ministério da Fazenda divulgou nesta segunda-feira (19) que projeta a dívida pública bruta do Brasil em 80,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025. A estimativa reflete uma combinação de fatores: crescimento econômico acima do esperado, inflação sob controle e compromisso com o equilíbrio fiscal. Apesar do nível elevado, a nova projeção é vista como sinal de esforço do governo para conter a deterioração das contas públicas e recuperar a confiança dos agentes econômicos.
Dívida segue alta, mas cenário inspira confiança
Embora o número ainda represente um dos maiores patamares da história recente, o dado divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) indica uma leve melhora no quadro fiscal brasileiro. Em abril, a projeção anterior era de 81,9% do PIB — ou seja, houve um recuo de 1,6 ponto percentual.
Essa mudança se deve, em grande parte, ao avanço da atividade econômica. O governo revisou para cima o crescimento do PIB em 2024, agora estimado em 2,5%, o que contribui para elevar a base de comparação da dívida. Além disso, a melhora nas expectativas inflacionárias reduz o custo real do endividamento, enquanto os juros mais estáveis aliviam o impacto sobre o serviço da dívida.
Outro ponto positivo foi a sinalização de que o governo manterá o compromisso com o arcabouço fiscal. Isso inclui, por exemplo, medidas de aumento de arrecadação e contenção de gastos, como já vinha sendo cobrado por parte do mercado.
Política fiscal sob pressão, mas com perspectiva de ajuste
Mesmo com a melhora nas projeções, o desafio fiscal brasileiro permanece relevante. O patamar de 80% ainda é considerado elevado para países emergentes, o que exige cautela e disciplina. Segundo a equipe econômica, o novo cenário embute premissas conservadoras, como uma trajetória de juros ainda elevada em 2025 e moderação no crescimento das despesas obrigatórias.
A expectativa é que, com a aprovação de medidas como a reforma tributária e a recomposição de receitas da União, o país consiga gerar superávits primários suficientes para estabilizar a dívida. De acordo com os cálculos da SPE, o esforço fiscal precisa ser mantido por vários anos para evitar que a dívida volte a crescer de forma descontrolada.
Nesse contexto, o governo reforça a necessidade de responsabilidade com as metas fiscais. O novo arcabouço substituiu o teto de gastos e permite crescimento real das despesas, desde que vinculado ao desempenho das receitas. Ainda assim, os analistas alertam que o sucesso do modelo depende fortemente do cumprimento das regras.
Reação do mercado e impacto sobre investimentos
A divulgação da nova projeção da dívida teve repercussão positiva entre os investidores. Embora a percepção de risco ainda seja alta, houve um alívio nas taxas dos títulos públicos e uma leve valorização do real frente ao dólar.
Esse movimento reflete uma melhora na confiança de que o país pode controlar sua trajetória fiscal sem comprometer o crescimento. Para o investidor de médio e longo prazo, esse equilíbrio é fundamental. Com maior previsibilidade, o ambiente se torna mais favorável ao investimento produtivo, à queda dos juros futuros e ao avanço do crédito.
No entanto, especialistas alertam que o cenário segue sensível a choques externos e à dinâmica política doméstica. Portanto, caso haja retrocessos na agenda de reformas ou perda de controle sobre gastos, a dívida pode voltar a subir rapidamente.