
- Trump disse ter tido “excelente química” com Lula, mas criticou tarifas e economia brasileira.
- Lula usou discurso na ONU para condenar sanções e ataques à soberania nacional.
- Crise inclui tarifaço de 50%, sanções contra ministros do STF e pressões ligadas ao caso Bolsonaro.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (23) que deve se reunir com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana, em meio à Assembleia Geral da ONU. O anúncio ocorre num momento de forte tensão diplomática entre os dois países, marcada por tarifas comerciais e sanções contra autoridades brasileiras.
Trump disse que encontrou Lula rapidamente nos bastidores da ONU e relatou uma “excelente química” entre eles, apesar das divergências políticas. Lula, por sua vez, já havia criticado em seu discurso as medidas unilaterais dos EUA e os ataques à soberania brasileira.
Choque de discursos em Nova York
Em sua fala na ONU, Trump intercalou elogios pessoais a Lula com duras críticas ao Brasil. O republicano acusou o país de ter adotado tarifas injustas contra os EUA no passado e disse que, sem a parceria americana, “o Brasil falhará, assim como outros já falharam”.
Já Lula, ao abrir a Assembleia Geral, disse que a comunidade internacional assiste a uma “desordem global” marcada por sanções arbitrárias e intervenções unilaterais. Segundo ele, agressões contra instituições brasileiras e contra a economia não têm justificativa.
Desse modo, o contraste entre os discursos evidencia o ambiente delicado das negociações. Embora haja expectativa de diálogo, a pauta bilateral será dominada por tensões comerciais e políticas.
Sanções e tarifas em alta
O encontro ocorre após a Casa Branca anunciar sanções contra a esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e contra o Instituto Lex, ligado à família do magistrado. As medidas foram tomadas com base na Lei Magnitsky, usada pelo governo Trump para punir autoridades acusadas de violações ou corrupção.
Além disso, os EUA impuseram um tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras, aumentando o desgaste nas relações. Assim, o movimento é visto por analistas como parte de uma estratégia de pressão diplomática, num contexto em que aliados de Jair Bolsonaro buscavam apoio externo.
Nos bastidores, a PGR acusou Eduardo Bolsonaro e o influenciador Paulo Figueiredo de articular, junto ao governo americano, sanções contra autoridades brasileiras em troca de anistia para o ex-presidente. Portanto, essa conexão elevou ainda mais a temperatura entre os países.
O que esperar do encontro
Ainda não há data confirmada para a reunião entre Lula e Trump, mas diplomatas acreditam que o diálogo deve abordar tarifas comerciais, sanções contra ministros do STF e possíveis áreas de cooperação, como clima e investimentos em infraestrutura.
Ademais, apesar da expectativa de distensão, os sinais indicam que as divergências continuarão. De um lado, Trump mantém a linha de pressão econômica e política. De outro, Lula tenta defender a soberania brasileira e reforçar a crítica a medidas unilaterais.
Por fim, se confirmado, este será o primeiro encontro bilateral formal entre os dois líderes desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro de 2025. O resultado poderá definir o tom da relação Brasil–EUA nos próximos anos.