
- Ibovespa recuou e perdeu os 135 mil pontos durante o pregão, mas fechou com leve alta
- Dólar subiu a R$ 5,56 com tensão entre Brasil e EUA e impasse sobre o IOF
- Rumores de demissão do presidente do Fed causaram caos nos mercados internacionais
O Ibovespa oscilou fortemente nesta quarta-feira (16), refletindo o ambiente de incertezas internas e externas. O índice chegou a cair mais de mil pontos, mas fechou com leve alta de 0,19%, aos 135.510 pontos, após uma sessão marcada pela tensão nos mercados.
Já o dólar comercial subiu 0,06% e fechou em R$ 5,561, impulsionado pelo clima de aversão ao risco. Investidores reagiram à escalada da crise diplomática com os Estados Unidos, ao impasse sobre o IOF e a rumores de que Donald Trump pretendia demitir o presidente do Fed.
Ibovespa oscila, mas evita tombo maior
A bolsa brasileira passou boa parte do dia no vermelho. Pela manhã, o índice atingiu a mínima de 134.265 pontos, pressionado por um cenário repleto de ruídos fiscais, políticos e externos. Apesar da recuperação parcial à tarde, o volume financeiro foi fraco: R$ 15,44 bilhões.
O Ibovespa acumula queda de 0,50% na semana e de 2,40% no mês. No trimestre e em julho, também segue no vermelho, embora ainda registre alta de 12,72% em 2025. A trajetória recente mostra perda de fôlego, com investidores mais seletivos e cautelosos.
Entre os destaques negativos do pregão, estiveram papéis de empresas exportadoras e ligadas ao setor financeiro. Já as ações de tecnologia e energia renovável se beneficiaram do alívio externo após a correção nos Estados Unidos.
Crise com os EUA e disputa pelo IOF elevam o dólar
A moeda americana subiu novamente, com investidores buscando proteção. O dólar comercial terminou o dia cotado a R$ 5,561, com alta de 0,06%, mas chegou a bater R$ 5,595 no pico da incerteza. No turismo, a cotação ultrapassou R$ 5,79 nas casas de câmbio.
Dois fatores explicam esse movimento. O primeiro é a escalada da tensão com os Estados Unidos, após o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O governo Lula enviou uma carta pedindo diálogo, mas recebeu novas críticas. O representante comercial Jamieson Greer disse que abriu investigação por práticas “injustas” do Brasil no comércio digital.
Além disso, pesa a disputa entre o Executivo e o Congresso sobre a manutenção da alíquota elevada do IOF. Como não houve acordo na audiência de conciliação promovida pelo STF, o Planalto decidiu judicializar o embate. A instabilidade política aumentou a percepção de risco entre gestores.
Powell vira alvo e Wall Street vive caos momentâneo
No exterior, a confusão sobre o Federal Reserve adicionou combustível à instabilidade. Durante meia hora, os principais índices de Wall Street despencaram após notícia da Bloomberg indicar que Donald Trump pretendia demitir Jerome Powell.
Logo depois, a Casa Branca negou a informação, o que acalmou os mercados. No fim do dia, o Nasdaq subiu 0,25% e renovou sua máxima histórica. O S&P 500 avançou 0,31%, e o Dow Jones, 0,50%. Ainda assim, o episódio deixou investidores em alerta.
A pressão de Trump por cortes nos juros cresceu. Embora o mercado ainda aposte em duas reduções até o fim do ano, a primeira em setembro, a interferência política preocupa. Esse cenário tem afetado emergentes como o Brasil, que já enfrentam vulnerabilidades locais.
Clima é de espera, mas com postura defensiva
Com tantos fatores negativos simultâneos, o investidor preferiu reduzir exposição. A preferência foi por ativos mais seguros, como o dólar, reforçando a saída de capital da bolsa brasileira. O viés de proteção dominou o comportamento do mercado ao longo do dia.
O Tesouro Nacional também contribuiu para o pessimismo ao revisar para pior as expectativas de dívida bruta, juros e câmbio. A percepção de deterioração fiscal reforçou o receio de novas pressões sobre a economia e os ativos domésticos.
Segundo analistas, o ambiente deve seguir volátil até que haja definição sobre a tarifa americana, o impasse do IOF e os próximos passos do Fed. O mercado, por ora, caminha entre riscos elevados e poucas convicções.