Bolsa em queda

Fechamento: Ibovespa cai e dólar dispara com tensão fiscal, crise política e tarifas de Trump

Investidores reagem ao risco político no Brasil, escalada da guerra comercial e incertezas sobre juros e inflação.

Fechamento: Ibovespa cai e dólar dispara com tensão fiscal, crise política e tarifas de Trump
  • Ibovespa caiu 0,65% com foco na crise fiscal e nas tarifas de Trump contra produtos brasileiros
  • Dólar subiu para R$ 5,58, com quarta alta consecutiva e maior nível desde junho
  • Petrobras, Vale e exportadoras recuaram, enquanto varejo e construção civil reagiram com leve alta

O Ibovespa fechou em queda de 0,65%, aos 135.299 pontos, nesta segunda-feira (14), encerrando o dia sob forte aversão ao risco. A combinação de incertezas fiscais, instabilidade política e guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos gerou um ambiente negativo nos mercados.

No cenário interno, a expectativa em torno do avanço de denúncias contra Jair Bolsonaro aumentou o clima de tensão. Ao mesmo tempo, o governo e o Congresso preparam uma reunião para discutir mudanças no IOF, elevando os temores sobre a sustentabilidade fiscal.

Segundo Alison Correia, analista da Dom Investimentos, os investidores ajustaram suas carteiras diante da piora nos fundamentos políticos e econômicos. “A semana começou volátil e deve seguir assim. O ambiente político está sensível, e o mercado responde com cautela”, afirmou.

Guerra comercial amplia receio externo

No exterior, o foco está nas tarifas impostas por Donald Trump. Após anunciar taxas de 50% sobre produtos do Brasil, o ex-presidente americano ampliou a lista no fim de semana. Ele incluiu tarifas de 30% para importações da União Europeia e do México, com vigência a partir de agosto.

Essas medidas aumentam os riscos inflacionários globais. No caso brasileiro, ainda não há impacto nos índices de preços, mas a expectativa é de repasse gradual. Isso pode limitar o espaço para cortes de juros e comprometer a recuperação da atividade.

Além disso, o mercado acompanha os dados da China, que registrou alta de 5,8% nas exportações em junho, superando as projeções. As importações também cresceram, sinalizando um ambiente mais favorável na Ásia, mesmo em meio às tensões globais.

Dólar dispara e atinge maior valor em mais de um mês

O dólar teve a quarta alta consecutiva e fechou cotado a R$ 5,5865, com avanço de 0,69%. Trata-se do maior valor desde 5 de junho. No mercado futuro, o contrato para agosto subiu 0,22%, encerrando o dia a R$ 5,6050.

Já o dólar turismo foi negociado a R$ 5,608 na compra e R$ 5,788 na venda, refletindo o estresse nos mercados globais. O movimento está associado à percepção de risco fiscal e às incertezas sobre o rumo da economia brasileira nos próximos meses.

Embora o fluxo para países emergentes ainda exista, o Brasil começa a perder atratividade. Os sinais de desaceleração no crescimento, combinados com a tensão institucional, criam um cenário de maior cautela entre os investidores estrangeiros.

Setores da Bolsa reagem de forma desigual

As ações da Petrobras caíram após a queda no preço do petróleo no mercado internacional. A Vale também recuou, impactando diretamente o índice. Com isso, os papéis de maior peso puxaram o Ibovespa para baixo.

Por outro lado, setores mais ligados ao consumo interno se beneficiaram da queda nos juros futuros. Empresas como MRV, Natura, Petz e Pão de Açúcar subiram, reagindo à expectativa de inflação mais comportada no curto prazo.

Correia observa que o mercado ainda mostra fôlego em alguns segmentos. No entanto, a continuidade da volatilidade dependerá da condução da política fiscal e da resposta do governo à crise institucional. “A confiança pode se deteriorar rapidamente”, alerta.

Juros seguem pressionados com inflação e incerteza

Com a Selic em 15% ao ano, o cenário de cortes nos juros se torna mais incerto. Caso as tarifas impostas por Trump elevem os preços, o Banco Central pode ser forçado a manter os juros elevados até abril de 2026, segundo o analista.

Além disso, o IBC-Br de maio teve queda de 0,7%, sinalizando desaceleração da economia. O resultado ficou abaixo do esperado e pode reforçar a dificuldade do governo em equilibrar crescimento com responsabilidade fiscal.

A audiência entre Executivo e Legislativo, marcada para o STF nesta terça (15), é vista como um ponto-chave. O mercado espera uma sinalização clara sobre a política tributária, especialmente em relação ao IOF.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.