
- Ibovespa cai 1,31% e fecha aos 137.480 pontos após tarifa anunciada por Trump
- Dólar sobe para R$ 5,50 com aumento do risco político e comercial
- EUA alegam perseguição a Bolsonaro e criticam sistema tributário brasileiro
O mercado financeiro brasileiro reagiu mal à decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A justificativa política e econômica para a medida, que deve entrar em vigor em agosto, acendeu o sinal de alerta entre investidores.
Com isso, o Ibovespa caiu 1,31%, encerrando o pregão aos 137.480 pontos. Já o dólar subiu 1,06%, fechando cotado a R$ 5,50. A instabilidade aumentou ao longo do dia, à medida que mais detalhes da carta enviada por Trump ao governo brasileiro vieram à tona.
Justificativas políticas acentuam o impacto
Durante a entrevista, Trump declarou que o Brasil “não tem sido bom para os Estados Unidos” e acusou seus opositores de perseguirem Jair Bolsonaro de forma injusta. Além disso, criticou duramente os altos impostos cobrados por aqui, alegando que dificultam a entrada de produtos norte-americanos no país.
Ademais, essa retórica agressiva pegou os mercados de surpresa. Muitos operadores apostavam em uma elevação moderada das tarifas, mas não esperavam o salto de 10% para 50%. Aqui está a frase reescrita em voz ativa: Trump viu a decisão como parte de sua estratégia para fortalecer sua base eleitoral.
No Brasil, a notícia teve efeito imediato. A Bolsa operava com cautela pela manhã devido ao feriado em São Paulo, mas a confirmação oficial da tarifa provocou forte queda nas ações. O tom político da justificativa também contribuiu para ampliar a incerteza.
Desse modo, economistas afirmam que a medida pode prejudicar setores exportadores, como o agronegócio e a indústria de transformação. Portanto, as novas taxas podem reduzir o acesso competitivo ao mercado americano, do qual ambos dependem.
Investidores fogem de risco e dólar dispara
A disparada do dólar para R$ 5,50 reflete a busca dos investidores por segurança em meio ao aumento do risco comercial. O real perdeu valor frente à moeda americana, e os contratos de juros futuros também registraram alta, o que indica um cenário de maior cautela.
Além disso, com o receio de uma nova guerra comercial, similar à ocorrida entre EUA e China anos atrás, analistas passaram a revisar projeções para inflação e crescimento econômico. Isso pressiona ainda mais as expectativas sobre o desempenho do Brasil no segundo semestre.
Sendo assim, embora o volume de negócios na B3 tenha sido menor por causa do feriado em São Paulo, o impacto da decisão americana foi sentido em todo o país. Fundos de investimento reduziram posições em ações brasileiras, e houve corrida por ativos mais conservadores.
Por fim, o mercado reagiu de forma mais negativa do que em episódios anteriores. Isso se deve, em parte, ao fato de que as tarifas não são apenas econômicas, elas estão atreladas a uma crítica direta ao governo brasileiro, o que agrava a percepção de instabilidade.
Exterior ignora crise brasileira e sobe
Enquanto o Brasil lidava com os efeitos da nova tarifa, os mercados internacionais operavam em alta. O Nasdaq subiu 0,95%, o S&P 500 avançou 0,57%, e o Dow Jones teve ganho de 0,49%. A recuperação foi impulsionada por grandes empresas de tecnologia, como a Nvidia, que chegou a atingir US$ 4 trilhões em valor de mercado.
Na Europa, o Stoxx 600 subiu 0,78%, enquanto o FTSE 100 teve alta mais modesta, de 0,15%. Mesmo com as tensões comerciais, os investidores internacionais demonstraram confiança na resiliência da economia global, especialmente nos EUA.
Ademais, segundo analistas da Piper Sandler, o mercado está cada vez mais acostumado com notícias de tarifas e vem reagindo com menos volatilidade. O foco, dizem eles, está nas tendências de médio prazo e nos fundamentos das empresas.
O contraste entre a reação brasileira e o otimismo no exterior destaca o grau de vulnerabilidade atual do país. Portanto, a crise gerada por uma decisão externa escancarou falhas na condução diplomática e fragilidades da economia nacional.