Risco político

Fechamento: Ibovespa desaba com temor de retaliação de Trump e operação contra Bolsonaro; dólar dispara

Investidores reagem à tensão entre Brasil e EUA e à operação da PF contra o ex-presidente; BRKM5 despenca e dólar fecha acima de R$ 5,58.

Fechamento: Ibovespa desaba com temor de retaliação de Trump e operação contra Bolsonaro; dólar dispara
  • Ibovespa caiu 1,61% e rompeu os 135 mil pontos com temor de retaliações comerciais
  • Dólar saltou para R$ 5,58 com incertezas sobre a relação Brasil-EUA e pressão geopolítica
  • Operação da PF contra Bolsonaro e nova carta de Trump aumentaram o nervosismo no mercado

O Ibovespa teve uma forte queda nesta sexta-feira (18), pressionado por riscos geopolíticos e incertezas fiscais, enquanto investidores reagiam à operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro e à ameaça de novas tarifas comerciais por parte de Donald Trump. Sendo assim, o temor de um agravamento das tensões entre Brasil e Estados Unidos levou o índice a romper os 135 mil pontos, enquanto o dólar disparava.

O principal índice da B3 caiu 1,61%, fechando aos 133.381,58 pontos, no menor patamar intradiário desde 7 de maio. Nesse sentido, o volume financeiro somou R$ 19,67 bilhões, impulsionado também pelo vencimento de opções sobre ações. Na semana, a bolsa acumulou queda de 2,07%.

Trump pressiona por tarifas e cita julgamento de Bolsonaro

Os mercados reagiram com cautela à escalada das tensões comerciais e políticas entre Brasil e Estados Unidos. Na véspera, Donald Trump voltou a vincular a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, conforme carta enviada ao ex-presidente.

Além disso, nesta sexta-feira, Bolsonaro foi alvo de uma nova operação da PF, com imposição de tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais e recolhimento domiciliar à noite e nos fins de semana. A medida foi determinada por Alexandre de Moraes, do STF, e referendada por maioria da Primeira Turma da Corte.

Desse modo, investidores temem que a pressão judicial sobre Bolsonaro provoque reações ainda mais duras de Trump, prejudicando setores exportadores e ampliando o isolamento comercial do Brasil em um momento de alta sensibilidade fiscal e cambial.

Dólar sobe para R$ 5,58 com fuga de risco

O dólar comercial fechou em alta de 0,72%, cotado a R$ 5,5875, maior nível desde o início de junho. Durante o dia, a moeda norte-americana chegou a bater R$ 5,598, refletindo a fuga de investidores para ativos considerados mais seguros.

Na semana, o dólar acumulou valorização de 0,71%. A versão turismo da moeda fechou a R$ 5,76 na venda. O dólar futuro para agosto, o mais líquido, também subiu 0,66%, a R$ 5,6040. Ademais, a volatilidade foi alimentada tanto por incertezas internas quanto por notícias de que Trump pretende impor tarifas de até 20% sobre produtos da União Europeia, segundo o Financial Times.

Portanto, a percepção de risco soberano aumentou. Analistas lembram que mudanças repentinas de rota econômica e política elevam o prêmio exigido por investidores em títulos públicos e debêntures. A CNI calcula que a taxa interna de retorno desses papéis subiu 0,3 ponto percentual após os anúncios.

Braskem despenca; semana foi de perdas na B3

Entre as ações do Ibovespa, o destaque negativo do dia foi Braskem (BRKM5), que caiu 7,59%, acompanhada por Yduqs (YDUQ3), com baixa de 7,45%. Do lado positivo, poucas ações escaparam do tombo: Vivara (VIVA3) subiu 1,35% e Engie (EGIE3), 1,04%.

Além disso, ao longo da semana, o Ibovespa acumulou queda de 2,07%, com perdas de quatro das cinco sessões. No mês de julho, o recuo já chega a 4,43%, embora o índice ainda mantenha alta de 10,69% no acumulado de 2025.

Desse modo, o mercado monitora agora os desdobramentos políticos da operação contra Bolsonaro e os próximos passos do governo Lula em relação à escalada tarifária liderada por Trump. Portanto, para analistas, a instabilidade política e a retaliação comercial mútua são hoje os principais riscos para o investidor brasileiro.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.