
- Ibovespa opera instável com foco na tensão entre Brasil e EUA e alta do IOF
- Lula promete retaliar digitalmente e rejeita “imposições estrangeiras”
- Dólar fecha em queda mesmo com incertezas e S&P 500 e Nasdaq renovam recordes
O Ibovespa operou entre ganhos e perdas nesta quinta-feira (17), em meio à repercussão da crise comercial com os Estados Unidos, da volta da cobrança elevada de IOF e de um cenário externo favorável. Por volta das 17h, o índice brasileiro oscilava próximo dos 135,1 mil pontos.
O mercado local também reagiu à fala do presidente Lula, que descartou submissão à pressão do presidente americano Donald Trump e prometeu tributar gigantes digitais dos EUA. Ao mesmo tempo, o dólar à vista caiu 0,24%, a R$ 5,5477, contrariando o movimento de alta da moeda americana no exterior.
IOF e tensão com Trump dominam o noticiário
A liminar concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, restaurou quase integralmente o decreto do governo que aumenta as alíquotas de IOF sobre operações cambiais e de crédito. Apenas o trecho sobre “risco sacado” segue suspenso. A decisão causou desconforto no mercado, que voltou a discutir insegurança tributária.
Enquanto isso, a guerra tarifária entre Brasil e EUA ganhou novo episódio. Lula, em entrevista à CNN, afirmou que “não há crise com os EUA”, mas deixou claro que o Brasil não aceitará imposições. “Vamos responder como democratas, cobrando impostos das empresas digitais americanas. Gringo não dá ordem”, disparou o presidente.
A fala se refere à carta de Trump, que condiciona a entrada em vigor das tarifas de 50% a uma suposta interferência no julgamento de Jair Bolsonaro pelo STF — acusação classificada por Lula como absurda e inaceitável.
Dólar cai, mas cenário segue incerto
Apesar das tensões políticas, o dólar encerrou o dia em queda de 0,24%, cotado a R$ 5,5477 no mercado à vista. A moeda norte-americana vinha operando em alta desde a véspera, mas recuou com o alívio nos juros futuros e o apetite global por risco. O dólar para agosto também cedeu 0,41%, a R$ 5,5635.
Ademais, o movimento contraria o exterior, onde o dólar ganhou força frente a pares emergentes. A expectativa de que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros altos por mais tempo, combinada a dados fortes de consumo nos EUA, sustentou o dólar globalmente.
Mesmo assim, o real teve desempenho melhor que o esperado, com apoio de fluxo pontual e apetite por ativos locais. Ainda assim, analistas alertam que o ambiente segue volátil, especialmente diante das possíveis retaliações comerciais que podem surgir a partir de agosto.
Bolsas americanas sobem com consumo forte
Lá fora, o S&P 500 e o Nasdaq renovaram máximas históricas, impulsionados por dados econômicos positivos. As vendas no varejo dos EUA subiram 0,6% em junho, superando a previsão de 0,3%, o que reforça a resiliência do consumo mesmo em um cenário de juros altos.
Além disso, os índices encerraram o dia com ganhos consistentes: o S&P 500 subiu 0,56%, para 6.299,02 pontos; o Nasdaq avançou 0,76%, aos 20.887,74 pontos; e o Dow Jones também ganhou 0,56%, aos 44.502,42 pontos.
A combinação de balanços positivos e demanda aquecida animou os investidores, mesmo com dirigentes do Fed sinalizando cautela em relação à política monetária. Portanto, o mercado agora acompanha os próximos dados de inflação e os discursos de membros do banco central americano.