Reflexos do tarifaço

Fechamento: Ibovespa recua com tarifa de Trump e dólar dispara; Lula promete reação dura

Nova tarifa de 50% contra o Brasil derruba ações e levanta temores sobre inflação, juros e crescimento; governo se articula para responder.

Fechamento: Ibovespa recua com tarifa de Trump e dólar dispara; Lula promete reação dura
  • Ibovespa cai 0,54% com quarta queda seguida e Embraer despenca
  • Dólar sobe 0,72% e encosta em R$ 5,55 após anúncio tarifário dos EUA
  • Lula promete resposta com base na Lei da Reciprocidade Econômica

A tarifa de 50% anunciada por Donald Trump contra produtos brasileiros agitou os mercados nesta quinta-feira (10). Sendo assim, embora o estrago não tenha sido tão severo quanto se temia, o Ibovespa caiu 0,54%, encerrando o dia aos 136.743 pontos, com sua quarta queda consecutiva. Durante a mínima, o índice chegou a 136.014 pontos, mas a recuperação parcial evitou perdas maiores.

No câmbio, o impacto foi mais forte. Desse modo, o dólar comercial avançou 0,72%, fechando a R$ 5,541. Ao longo do dia, a moeda chegou a superar os R$ 5,62, refletindo o temor de redução no fluxo de exportações e o aumento da percepção de risco. Com a medida, o Brasil foi o país mais penalizado entre os 22 alvos da nova rodada de tarifas americanas.

Lula reage e promete resposta com nova lei de retaliação

A resposta do governo brasileiro veio rapidamente. O presidente Lula afirmou que o Brasil não aceitará ataques unilaterais e que usará a Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril, para responder. A norma permite que o país adote medidas contra parceiros comerciais que prejudiquem sua competitividade.

Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi além e acusou a medida de ser um ataque político, ligado à família Bolsonaro. Ele classificou as tarifas como “ato de campanha” e disse que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil, o que tornaria a decisão ainda mais injustificável.

Nos bastidores, o Planalto articula um pronunciamento em cadeia nacional para que Lula apresente a resposta oficial. Paralelamente, diplomatas veem o gesto de Trump como interferência direta no processo eleitoral brasileiro e alertam para possível escalada nas tensões comerciais.

Tarifas afetam PIB e podem pressionar inflação, dizem analistas

Segundo a XP Investimentos, o impacto das tarifas pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em até 0,3 ponto percentual em 2025 e 0,5 ponto em 2026. A Fiesp também reagiu, alertando sobre os prejuízos à economia, mas reforçou que “a soberania nacional é inegociável”.

Ademais, a Hike Capital avalia que os principais setores atingidos são petróleo, papel e celulose, carnes e alimentos in natura. Parte dos custos pode ser repassada ao consumidor brasileiro, gerando pressões inflacionárias. Além disso, a valorização do dólar tende a encarecer importações e combustíveis.

Mesmo com o IPCA de junho abaixo das expectativas — alta de 0,24% no mês e 5,35% em 12 meses — o dado passou quase despercebido. Portanto, a preocupação com o efeito das tarifas sobre a inflação futura e os juros prevaleceu entre investidores e analistas.

Ações da Embraer afundam; Vale e siderúrgicas limitam perdas

Entre as ações, a Embraer (EMBR3) foi o destaque negativo, com queda de 3,70%. A empresa tem 60% de sua receita voltada ao mercado americano e pode ser diretamente atingida pelas tarifas. Analistas apontam que, embora a empresa tenha vantagens competitivas, o risco de adiamento de entregas preocupa.

Além disso, a Petrobras (PETR4) recuou 0,25%, impactada também pela queda do petróleo internacional. Já PRIO (PRIO3), que exporta cerca de 13% para os EUA, caiu 1,81%. No setor de carnes, Minerva (BEEF3) caiu 1,28%, enquanto Marfrig (MRFG3) subiu 6,38% e BRF (BRFS3) avançou 2,22%.

Por fim, do lado positivo, a Vale (VALE3) ajudou a conter a queda do índice, subindo 2,29% com apoio do minério. As siderúrgicas também avançaram: CSN (CSNA3) ganhou 5,04% e Gerdau (GGBR4) teve alta de 0,54%. Analistas veem impacto limitado das tarifas sobre o setor de metais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.