Desempenho ruim

Fechamento: Ibovespa tem pior semana desde 2022 com guerra tarifária de Trump

Índice recua cinco dias seguidos, enquanto dólar sobe e cenário externo pressiona ações no Brasil; Vale e Petrobras amenizam perdas.

Fechamento: Ibovespa tem pior semana desde 2022 com guerra tarifária de Trump
  • Ibovespa recua 3,59% na semana, pior desempenho desde dezembro de 2022.
  • Tarifa de 50% de Trump contra o Brasil e nova taxa de 35% sobre o Canadá abalam os mercados.
  • Vale, Petrobras e setor de commodities seguram parte das perdas, mas bancos e varejo desabam.

A semana terminou com um alívio por ser sexta-feira, mas para os investidores, o Ibovespa só apanhou. Foram cinco sessões consecutivas de queda, algo que não se via desde maio de 2024. O principal índice da bolsa brasileira caiu 0,41% nesta sexta (11), encerrando o dia aos 136.187 pontos. Com isso, acumulou uma perda de 3,59% na semana — a maior desde dezembro de 2022.

A mínima do dia chegou a 135,5 mil pontos, mas o mercado conseguiu suavizar o tom negativo. Ainda assim, o sentimento foi de exaustão. O dólar à vista oscilou bastante e fechou com leve alta de 0,12%, cotado a R$ 5,5481. No acumulado semanal, a moeda americana subiu 2,28%, refletindo a aversão ao risco global após os recentes anúncios de tarifas feitas por Donald Trump.

Trump acirra guerra comercial e afeta mercados globais

O principal gatilho para a tensão veio dos Estados Unidos. Além de ter anunciado uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na quarta-feira, o ex-presidente e pré-candidato Donald Trump voltou a abalar os mercados nesta sexta ao impor uma tarifa de 35% sobre importações do Canadá a partir de 1º de agosto. A justificativa foi a entrada de fentanil nos EUA, o que gerou forte desconforto entre investidores.

Sendo assim, para analistas, a série de medidas tarifárias pode inaugurar uma nova fase de guerra comercial, com impactos significativos para moedas emergentes e mercados acionários. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a outras seis, subiu 0,18%. O temor agora é que as tarifas básicas aplicadas aos demais parceiros comerciais subam dos atuais 10% para até 20%.

No Brasil, o governo Lula reagiu com firmeza, afirmando que pretende acionar a OMC, os BRICS e explorar medidas diplomáticas antes de qualquer retaliação comercial direta. Ainda assim, a incerteza prevalece, e o mercado local já precifica uma maior volatilidade cambial e inflacionária nos próximos meses.

Vale e Petrobras salvam o índice de quedas mais duras

Apesar da tempestade, alguns setores conseguiram se manter em pé. A Vale (VALE3) subiu 1,30% nesta sexta e encerrou a semana com saldo positivo, graças à firmeza do minério de ferro.

Além disso, a Petrobras (PETR4) também avançou 1,21% no dia e fechou a semana em alta, sustentada pela valorização do petróleo internacional. A petroleira PRIO (PRIO3) teve desempenho ainda melhor, com alta de 2,20%.

Entre as empresas que surpreenderam positivamente está a Ambev (ABEV3), que subiu 0,53% com a expectativa de melhora nos lucros do segundo trimestre. No entanto, esses desempenhos positivos não foram suficientes para reverter a maré negativa geral.

Bancos, varejo e frigoríficos sofrem com pressão externa

O setor bancário e o varejo foram os mais atingidos pelos ventos contrários. O Itaú (ITUB4) caiu 0,82%, o Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,33% e a B3 (B3SA3) afundou 2,42%.

Ademais, no varejo, Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3) cederam 2,40% e 3,60%, respectivamente. As locadoras de veículos também sentiram o baque: Movida (MOVI3) despencou 9,26% e Localiza (RENT3) caiu 4,16%.

Desse modo, os frigoríficos levaram o maior nocaute do dia após a CVM adiar mais uma vez a assembleia sobre a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3). As quedas foram de 4,35% e 4,17%, respectivamente, refletindo a frustração com a indefinição regulatória.

Perspectivas para a próxima semana: mais volatilidade à vista

A próxima semana promete manter o mercado no ringue. Na terça-feira (15), serão divulgados os dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos. Já na quarta, saem os números da inflação ao produtor e da produção industrial.

Ademais, na quinta, será a vez do varejo americano. Então, todos esses indicadores serão analisados à luz das novas tarifas anunciadas, o que deve manter os investidores em modo defensivo.

Além disso, o cenário político e diplomático continuará no radar, especialmente se houver algum avanço nas conversas entre Trump e Lula. Enquanto isso, o Brasil tenta manter a resiliência, como mostram os dados do setor de serviços, que cresceram pelo quarto mês consecutivo, e a revisão da previsão de crescimento do PIB para 2,5% em 2025.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.