Especialista em finanças pessoais acredita que pode ser uma alternativa interessante para ajudar a reduzir o crítico déficit habitacional no país.
Em março, as expectativas são grandes para que o programa FGTS Futuro, já regulamentado pelo Conselho Curador, seja implementado de vez pela Caixa Econômica Federal, que precisa publicar as normas operacionais. O FGTS Futuro possibilitará que os trabalhadores usem o saldo ainda a ser constituído no futuro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço em financiamentos na Faixa 1 do Minha Casa Minha Vida.
O especialista em finanças pessoais, João Victorino, explica como será o programa. “Os 8% do salário do trabalhador, que são mensalmente depositados em uma conta vinculada em seu nome no Fundo de Garantia, poderão ser usados como margem para complementar o valor da parcela do financiamento, permitindo que mais pessoas tenham acesso ao crédito habitacional, uma vez que terão condições de atingir os limites mínimos para a liberação do financiamento. É como se a sua renda, para efeito do financiamento, aumentasse”, diz.
Segundo João, de acordo com a proposta que já está estabelecida, aqueles que decidirem utilizar o FGTS Futuro precisarão comunicar essa decisão para o banco responsável pelo financiamento imobiliário. Depois disso, os depósitos serão transferidos automaticamente da Caixa Econômica Federal para o banco que a pessoa realizou o financiamento, a fim de pagar as parcelas do contrato.
Caso a alternativa seja implementada, permitirá que as famílias utilizem esse recurso para complementar o pagamento das parcelas do imóvel e reduzir o saldo devedor do financiamento, o que aumentará a capacidade de arcar com as prestações. Conforme as normas do ‘Minha Casa Minha Vida’, os beneficiários estão limitados a comprometer no máximo 30% de sua renda com a parcela da casa. Por exemplo, um brasileiro no limite do Faixa 1, com uma renda de R$ 2.640, poderá pagar até R$ 792 por mês.
Por essa razão, João afirma que poderá existir uma diminuição no valor das parcelas. “Da mesma forma que esta nova modalidade permitirá o aumento da capacidade de contratação de crédito para as famílias da Faixa 1 do programa MCMV, também permitirá uma eventual diminuição do valor da parcela do financiamento, deixando que estas encaixem melhor no bolso das pessoas, não comprometendo muito suas rendas”, pontua.
Em relação a eventuais demissões de funcionários que aderirem à nova modalidade, o especialista destaca que essa questão está sendo discutida, pois existe a possibilidade da Caixa Econômica adicionar o valor ao saldo devedor do financiamento por até seis meses consecutivos. No entanto, caso ocorra a demissão do trabalhador, este será responsável pela parcela que anteriormente era coberta pelo depósito feito pelo ex-empregador no FGTS. Se deixar de pagar, corre o risco de perder o imóvel.
De acordo com João, essa implementação ainda está em andamento. “Muitas decisões estão sendo tomadas e alguns pontos não foram definidos completamente, a expectativa é que em março tudo seja esclarecido. Porém, analisando os critérios que saíram até o momento, acredito que o FGTS Futuro seja uma alternativa positiva e também interessante para ajudar a reduzir o crítico déficit habitacional no país”, finaliza.