Fim da linha? Itaú BBA corta recomendação para Eletrobras

O Itaú BBA, em um movimento estratégico, ajustou recentemente o preço-alvo para a ação ordinária da Eletrobras (ELET3), reduzindo de R$ 61,60 para R$ 53,50 no final de 2024. Apesar deste ajuste, o banco manteve a recomendação “outperform” (equivalente à compra), sinalizando uma visão otimista a longo prazo para a estatal de energia elétrica.

A decisão ocorre em um contexto onde as ações da Eletrobras experimentaram uma queda superior a 3% em uma única sessão de negociação, sendo cotadas a pouco acima de R$ 42. Esta variação representa um potencial de alta – ou upside – de aproximadamente 27% sobre o preço atual.

O relatório do Itaú BBA, liderado pelo analista Marcelo Sá, aponta uma série de riscos que podem impactar a tese de investimento na Eletrobras. Uma das preocupações centrais está relacionada à disputa sobre direitos de voto da União no Supremo Tribunal Federal (STF). O governo federal contesta aspectos da lei de desestatização da Eletrobras que reduziram seu poder de voto na empresa. Ainda que existam incertezas sobre o desfecho desta disputa, o banco vislumbra a possibilidade de um acordo com o governo, evitando litígios futuros.

De acordo com Sá, muitos investidores internacionais demonstraram cautela em adquirir ações da Eletrobras ao longo de 2023, devido ao receio de um desfecho negativo nessa disputa. Uma resolução favorável poderia, portanto, atrair investimentos estrangeiros significativos para a companhia.

Outro risco destacado pelo banco é um processo de turnaround mais longo do que o esperado para a Eletrobras, além das potenciais perdas relacionadas ao não desenvolvimento ou ao desenvolvimento desfavorável da usina de Angra 3. O Itaú BBA também alerta para o risco de subsídios adicionais ao setor de energias renováveis no Brasil, que poderiam levar a um excesso de oferta de energia e pressão adicional sobre os preços.

Apesar destes desafios, o banco vê o preço atual das ações da Eletrobras refletindo um cenário extremamente negativo para os preços da energia, considerando que houve uma recuperação parcial dos preços desde suas mínimas históricas, mas ainda se encontram abaixo do custo marginal de expansão.

Do ponto de vista da gestão, o Itaú BBA destaca o foco da alta administração da Eletrobras na otimização da estrutura tributária da empresa. A integração de Furnas à holding, por exemplo, deve acelerar a utilização de créditos tributários, proporcionando benefícios fiscais. Há, segundo os analistas, outras medidas que podem ser adotadas para otimizar ainda mais a estrutura tributária da Eletrobras, como o pagamento de juros sobre capital próprio.